Willian fala em gratidão ao Corinthians, mas projeta novo ciclo ao ser apresentado no Grêmio
Aos 37 anos, o meia-atacante admitiu que chegou a declarar que não retornaria mais ao Brasil por passagem turbulenta no Timão
O retorno de Willian ao futebol brasileiro, desta vez no Grêmio, foi marcado por um discurso que mesclou emoção, serenidade e um olhar voltado ao passado. Aos 37 anos, o meia-atacante reconheceu o peso da decisão de voltar ao país, lembrando inclusive de episódios que quase o fizeram desistir dessa possibilidade. Durante a apresentação no clube gaúcho, fez questão de ressaltar que a escolha teve tanto o aval familiar quanto a confiança de que ainda pode contribuir em campo.
No entanto, foi inevitável que o nome do Corinthians surgisse. Afinal, trata-se do clube que o revelou e onde retornou em 2021, com a promessa de reeditar grandes momentos. "Sem dúvida, o Corinthians é um clube que eu respeito muito, que eu tenho gratidão porque cresci lá, mas hoje estou no Grêmio. Vou defender as cores do Grêmio", afirmou o jogador.
Em seguida, reforçou a dificuldade que representou sua última passagem: "Falei que não queria mais voltar ao Brasil pelo fato das coisas que aconteceram, do trauma que causou à minha família, às minhas filhas principalmente, mas isso já é passageiro. Tenho recebido muitas mensagens de carinho para a minha família, que é o que eu mais quero: que se sinta bem aqui " A fala reforça a dualidade: ao mesmo tempo em que não apaga o vínculo com sua ex-equipe, deixa claro que o tempo agora é outro
Esse distanciamento tem explicação no próprio histórico recente. A passagem pelo Corinthians foi turbulenta, marcada por baixo rendimento dentro de campo e, fora dele, por hostilidades que se estenderam até sua família. Willian admitiu que chegou a declarar que não retornaria mais ao Brasil justamente pelo trauma que esses episódios provocaram em suas filhas. O reencontro com o futebol brasileiro, portanto, só aconteceu porque encontrou no Grêmio um cenário de confiança e segurança.
Ele frisou que a escolha não foi precipitada. "Foram muitas conversas com o pessoal do Grêmio, com a minha família principalmente. Outra pessoa que eu esqueci de citar foi o Carlos Vinicius. Foi um cara que nas últimas semanas tem me mandado muitas mensagens, explicando como é aqui. Foram várias questões para que eu pudesse aceitar. Uma delas é que o Grêmio é um clube gigante, um clube que merece sempre estar brigando por coisas maiores. Tenho ouvido que Porto Alegre é uma cidade muito boa, muito familiar, isso fez com que eu pensasse com muito carinho", relatou.
O contraste entre passado e presente ganha peso porque a imagem de Willian no Corinthians acabou ficando distante do que ele havia projetado. Foram 45 partidas, apenas um gol e um ciclo que terminou em agosto de 2022, quando optou por rescindir para retornar à Inglaterra e jogar no Fulham. Ao retomar esse episódio, ainda que sem rancor, o meia deixa implícito que o Grêmio surge como oportunidade de reconstrução da sua relação com o futebol nacional.
Em Porto Alegre, o jogador também se permitiu uma análise sobre o estágio atual de sua carreira. "Com 37 anos, eu não sou o Willian de quando eu tinha 25 ou 27 anos, mas eu me sinto bem. Me sinto bem para jogar futebol. Chega uma certa idade que você começa a ganhar mais experiência e jogar mais com a cabeça. A idade, às vezes, é só um número. Você pode ver jogadores com essa idade ou um pouco mais e continuam jogando bem. A idade não vai ser um problema", garantiu.