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Banco Mundial e Sudene debatem sobre novas perspectivas para a economia do Nordeste

Durante a reunião, o Banco Mundial apresentou estudo que mostra desafios e oportunidades para o Nordeste

Por Diario de Pernambuco

Estudo apresentado pelo Banco Mundial destacou desafios e oportunidades para impulsionar produtividade, emprego qualificado e integração econômica na região

Representantes do Banco Mundial e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) se reuniram, nesta segunda-feira (3), para discutir novas perspectivas para o desenvolvimento econômico do Nordeste. Durante o encontro, a instituição financeira realizou uma apresentação preliminar do estudo “Rotas para o Nordeste: proatividade, emprego e inclusão”.

De acordo com a Sudene, o documento, que vem sendo elaborado há dois anos, integra a série internacional Growth and Jobs Report. O encontro teve como objetivo reunir contribuições técnicas para a versão final do relatório, além de ampliar a articulação entre instituições públicas, academia e outras instituições multilaterais para uma agenda regional de crescimento sustentável. A proatividade, o emprego e a inclusão foram os principais aspectos tratados como temas impulsionadores do desenvolvimento na região

Com previsão de ser lançado nos próximos meses, o relatório também analisa motores de crescimento econômico, produtividade empresarial, mobilidade social, geração de empregos e o papel da infraestrutura para reduzir desigualdades regionais. O estudo é o segundo da série dedicado a uma região brasileira, após o lançamento do relatório sobre a Amazônia em 2023.

O grupo de representantes da instituição financeira foi liderado por Shireen Mahdi, gerente para a área de Prosperidade do Banco Mundial, acompanhada pelos economistas Rong Qian, Cornelius Fleischhaker e Karen Souza Muramatsu. Participaram também especialistas da UFPE, UFPB, do setor produtivo e consultores com experiência em políticas regionais, incluindo a economista Tania Bacelar e Fátima Amazonas, ex-diretora da instituição para o Nordeste.

“Queremos ouvir e dialogar com atores regionais para aperfeiçoar este estudo a partir de uma escuta qualificada. Renovar o debate nos apresenta novas perspectivas sobretudo para o cenário da reforma tributária”, apontou a gerente do Banco Mundial, Shireen Mahdi.

De acordo com o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, o encontro confirma o esforço da Sudene na busca por novos eixos estratégicos para o desenvolvimento regional. “É fundamental ampliar nossa visão sobre as transformações econômicas e sociais do Nordeste. A região forma mão de obra qualificada, mas ainda enfrenta dificuldades para transformar esse capital humano em empregos produtivos. Precisamos equilibrar investimentos em novas economias e na base produtiva tradicional, garantindo capacidade real de geração de trabalho e renda”, disse.

Durante a apresentação, a economista Karen Muramatsu destacou que o Nordeste reúne condições para “se reinventar”, considerando sua liderança em energia eólica e solar, sua crescente proporção de jovens qualificados e a posição estratégica, com cabos submarinos de dados que conectam o Brasil a outros continentes. O relatório indica, entretanto, que a região ainda enfrenta subutilização de capital humano, baixa geração de empregos de alta produtividade, desafios regulatórios para abertura de empresas e lacunas de infraestrutura.

O economista Cornelius Fleischhaker observou, por sua vez, que a produtividade das empresas do Nordeste segue inferior à média nacional e que o ritmo de entrada de novos empreendimentos tem diminuído. Na avaliação do representante do banco, isso reforça a necessidade de políticas capazes de reduzir custos de operação, estimular inovação e aproveitar vantagens estratégicas regionais, como o polo de energias renováveis.

A economista Tania Bacelar destacou o papel da reforma tributária como vetor de mudanças estruturais e chamou atenção para o potencial da economia verde e da interiorização da educação. “Existem agora dois investimentos importantíssimos: a infraestrutura econômica e a rediscussão sobre o papel do semiárido motivada pela agenda da economia verde”, disse.

Ao final da reunião, a Sudene sugeriu a realização de novas rodadas técnicas com o Banco Mundial para aprofundar o debate e estruturar frentes permanentes de cooperação.