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Pernambuco alcança 3,5 milhões de inadimplentes em agosto, diz Serasa

Número de pessoas em situação de inadimplência cresceu 7,6% na comparação com agosto de 2024

Por Thatiany Lucena

Os pernambucanos somaram o total de 10.840.881 de dívidas em agosto deste ano, segundo levantamento da Serasa. Essa quantidade chega ao montante de R$ 18.546.581.858,00

Pernambuco vem registrando um total cada vez mais alto de pessoas endividadas. Segundo dados da Serasa, em agosto deste ano, 3,5 milhões de pernambucanos estavam inadimplentes e o número de dívidas chegou a 10 milhões. Isso representa o valor total de R$ 18 milhões em dívidas (em atraso ou não) no período.

Em agosto deste ano, Pernambuco registrou 3.588.749 pessoas em situação de inadimplência. Esse número representa 49.73% da população adulta do estado. Na comparação com o mês anterior, quando o estado tinha 3.581.804, o crescimento de inadimplentes no estado foi de 0,19% (+6.945). Já no comparativo em relação a agosto de 2024, essa alta foi de 7,6%, um salto de 253.315 pessoas inadimplentes a mais no estado.

Segundo a economista e professora da Estácio, Rita Pedrosa, esse avanço da inadimplência em Pernambuco revela a fragilidade financeira das famílias e pressiona a economia local. “Embora a alta mensal tenha sido modesta, o crescimento de 7,6% em relação a 2024 mostra que muitos já chegaram ao limite de sua capacidade de endividamento”, afirma.

Ela explica que essa situação ocorre diante de um cenário de juros elevados e com a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, um dos maiores patamares dos últimos anos. Esses fatores encarecem o crédito e dificultam a renegociação. “Além disso, o peso do uso do cartão de crédito, principal fonte de dívidas com taxas entre as mais altas do mercado, agravam essa situação”.

Dívidas

Ainda de acordo com o levantamento, os pernambucanos somaram o total de 10.840.881 de dívidas em agosto deste ano. Essa quantidade chega ao montante de R$ 18.546.581.858,00. Para a economista, esse dado, somado às altas taxas de juros no país, revelam que é provável que tanto o volume de dívidas quanto o valor financeiro total continuem avançando em Pernambuco, principalmente entre famílias de renda média e baixa.

Impactos na economia

Rita destaca que a inadimplência elevada das famílias pernambucanas reduz a segurança financeira e restringe o consumo. “Essas consequências acabam afetando o comércio e os serviços, setores essenciais da economia estadual, ampliando ainda mais a vulnerabilidade das famílias, sobretudo as de baixa renda”, disse.

Ela aponta que a situação é um alerta de riscos de estagnação econômica, que vem ocorrendo também no contexto nacional. “Para reverter essa trajetória, são fundamentais políticas públicas e iniciativas privadas de renegociação, estímulo ao crédito responsável e à educação financeira em todas as classes sociais”, alerta.

Ticket médio

Em relação ao ticket médio por inadimplente o valor chega a R$ 5.167,98. Já por dívida, o ticket médio chega a R$ 1.710,80.

Ainda na avaliação da economista, esses valores representam, que em média, cada inadimplente carrega mais de três dívidas ativas. Além disso, o peso do ticket médio indica que a inadimplência é causada, não apenas por dívidas pontuais ou de baixo valor, mas representa um endividamento estrutural, que compromete quase 30% da renda mensal dessas famílias. “A tendência é de manutenção ou até mesmo de aumento desses índices, comprometendo não apenas o desempenho econômico de Pernambuco, mas também refletindo negativamente nos indicadores do país”, aponta.

Questionada pela reportagem sobre os principais aspectos do perfil dos inadimplentes e sobre os sinais para que uma pessoa endividada não chegue ao patamar de inadimplente, a professora explica que o primeiro sinal é o aumento da porcentagem da renda familiar comprometida com dívidas mensais. No momento que essa fatia do orçamento cresce, a família fica mais vulnerável a qualquer imprevisto financeiro.

Isso, somado ao uso excessivo do cartão de crédito, principal meio de endividamento no estado, podem transformar a situação em uma “bola de neve”. Pois, quando o consumidor não paga a fatura integralmente e usa o limite de forma contínua, precisa pagar os juros altíssimos do rotativo.

Outro sinal de que a situação financeira está piorando é a dificuldade em pagar as contas no prazo, mesmo que os pagamentos ainda não estejam atrasados. Além disso, as dívidas com prazos longos, que prendem o orçamento por mais de um ano, também representam um risco, já que a pessoa fica mais exposta a crises econômicas.

Ainda sobre os altos valores do ticket médio em dívidas, que vão além do valor do salário mínimo atual, a explicação para isso é que que raramente o inadimplente tem apenas uma dívida. “É comum que ela tenha várias contas em atraso ao mesmo tempo, por exemplo, o cartão de crédito e empréstimos pessoais e a soma desses débitos para milhões de pessoas resulta em um montante gigantesco que, com os juros elevados, especialmente os do cartão de crédito, se multiplica rapidamente”, finaliza.