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A minha história com o Diario de Pernambuco

O Diario de Pernambuco sempre fez parte da minha vida. Na infância, aguardava ansiosamente o momento em que meu pai iniciava sua leitura, na expectativa de pegar o caderno de esportes.

Por Beto Lago

Prédio histórico onde funcionou o Diario de Pernambuco

O Diario de Pernambuco sempre fez parte da minha vida. Na infância, aguardava ansiosamente o momento em que meu pai iniciava sua leitura, na expectativa de pegar o caderno de esportes. As notícias sobre os clubes pernambucanos — especialmente do Sport, time que tanto amo —, nacionais e internacionais, além das coberturas dos chamados esportes amadores, eram a minha porta de entrada para o mundo do esporte e da comunicação.

Conforme os anos foram passando, um sonho começou a se formar em meu coração: seguir a carreira no jornalismo. Foi aí que me encantei pelos textos das grandes reportagens, pelos colunistas sempre precisos nas análises. Ao me formar, segui caminhos diferentes, mas em 1994, durante a Copa do Mundo, a paixão pelo jornalismo renasceu. O Brasil conquistava seu quarto título, mas também assistia a uma mudança na redação do DP: “Seu” Adonias se aposentaria, e Claudemir Gomes, seu fiel subeditor, assumiria o posto.

Minha trajetória ao lado de Mônica Ayub, na assessoria de imprensa, me apresentou a Claudemir, e o convívio com ele se transformou em um convite irrecusável: “Venha para a redação.”

Quando acertei minha entrada e pisei na Praça da Independência, fui tomado por uma avalanche de emoções. As lágrimas escorriam de meus olhos, pois, para um jovem aspirante, conhecido como “foca”, fazer parte da redação de um grande jornal era um sonho finalmente realizado.

O dia a dia na redação era simplesmente maravilhoso. O convívio com os colegas de editoria, os jornalistas, revisores, fotógrafos, gráficos e profissionais de comercial criava um laço quase familiar. Conhecia todos e tudo dentro do jornal. Acompanhar o fechamento, ver o jornal sendo preparado na gráfica e a ansiedade das madrugadas em que ele saía para as bancas era uma vivência que se entranhava em minha alma. Trabalhar nas noites de sexta-feira nunca foi uma tarefa desgastante. Era uma honra estar ao lado da nata do jornalismo. Eu absorvia conhecimento e vida em cada conversa, em cada pauta, em cada troca de ideias. O som da máquina de escrever, as famosas “matérias de gaveta” – prontas para preencher um espaço na página –, e o expertise dos revisores e diagramadores formaram uma sinfonia que ainda ecoa na minha memória.

Nos meados dos anos 1990, o Diario passou por uma transformação marcante: a máquina de escrever, aquele símbolo tão forte do jornalismo, começou a ser aposentada. Os primeiros computadores chegaram e, lentamente, tomaram conta da redação. Essa transição trouxe um fio de nostalgia, pois a máquina de escrever era mais do que uma ferramenta — era um símbolo da nossa arte e ofício, o coração pulsante que dava vida a cada texto. Mas a evolução era inevitável e necessária. A agilidade na produção de textos para a gráfica fez com que nos despíssemos dessa nostalgia e acolhêssemos, de braços abertos, a tecnologia que se apresentava.

Em 1998, segui novos caminhos na comunicação, mas o amor pelo jornalismo nunca me abandonou. Nos últimos anos, testemunhei a ascensão das redes sociais e, como todos, precisei me adaptar a essa nova realidade. E em 2023, quando o amigo Léo Medrado chamou para fazer parte de dois projetos – um podcast e retornar ao Diario de Pernambuco –, senti que meu coração palpitava novamente. A missão: dividir com ele a coluna Diario Esportivo, que por anos foi regularmente brilhante nas mãos de dois gigantes do jornalismo e minhas referências no jornalismo esportivo: Adonias de Moura e Claudemir Gomes.

O Diario de Pernambuco, fundado em 1825, é o mais antigo jornal em circulação do Brasil e se tornou um símbolo da resistência e da liberdade de expressão no País. Durante seus anos, enfrentou desafios políticos e sociais, sempre mantendo seu compromisso com a verdade e a informação de qualidade. O jornal se destacou em momentos históricos cruciais e continuou a ser uma voz ativa durante a redemocratização do Brasil. Nos Esportes, sempre esteve presente nas principais competições locais, nacionais e mundiais. Copa do Mundo e Jogos Olímpicos contavam com “alguém da caneta” do Diario. Ao longo do tempo, o DP se adaptou às mudanças na sociedade, sempre se esforçando para refletir a realidade do Estado, do País e do Mundo.

Hoje, ao celebrar os 200 anos de existência do Diario de Pernambuco, quero expressar minha gratidão a toda a direção, especialmente ao nosso presidente Carlos Vitar. E também a todos os amigos da redação, Ricardo Novelino, Ricardo Garcia e, em especial, recordo com carinho de Paula Losada, que fez parte daquele time quando ingressei pela primeira vez. E, claro, dos amigos Léo Medrado, Marcos Leandro e Gustavo Lucchesi. Juntos, enfrentamos o desafio diário de fechar o caderno de esportes do jornal e manter nossas redes sociais sempre atualizadas.

Parabéns, Diario de Pernambuco, pelos seus 200 anos. Eu me sinto profundamente feliz e honrado por fazer parte de uma história tão grandiosa na trajetória do jornalismo brasileiro. Que as páginas do nosso DP continuem a nos contar histórias, a emocionar e a inspirar novas gerações de jornalistas e leitores, assim como fez comigo ao longo de toda a minha vida.