7 de outubro – Um dia trágico que ficará na história
É difícil, por demais, tratar de assunto tão complexo em pequeno espaço
É difícil, por demais, tratar de assunto tão complexo em pequeno espaço. Seguem alguns tópicos que possam despertar uma reflexão a respeito.
* Nesta data, produziu-se o maior atentado terrorista proporcional da história humana. Era um dia sagrado em Israel. O ataque do Hamas provocou das formas mais cruéis a morte de cerca de 1,2 mil israelenses (judeus e não judeus, incluindo pessoas com outras nacionalidades), sem poupar idosos, crianças, até bebês. Mulheres foram estupradas, filhos viram seus pais assassinados na sua frente. Jovens que frequentavam um festival de música foram mortos às centenas. Tudo devidamente filmado pelos próprios algozes. Dos 250 sequestrados, 48 ainda se encontram nos túneis de Gaza, a maioria mortos, os demais passando por privações e torturas, transformados em párias humanos.
* Israel é um pequeno país, do tamanho de Sergipe, absolutamente vulnerável, cercado de nações hostis. Um vacilo militar pode ser suficiente para ocasionar sua destruição. Apesar de ameaçado, desde sua fundação, nunca abandonou sua vida democrática, inédita na região. Jamais deixou de investir em educação, cultura, ciência e tecnologia, compartilhando grandes avanços para toda a humanidade.
* O Hamas é um grupo terrorista, fundamentalista, misógino e homofóbico que vai de encontro a tudo o que compreendemos como avanços civilizatórios. Esse grupo, patrocinado por um estado teocrático, o Irã, não luta pelos legítimos direitos do povo palestino. Divulga abertamente que seu objetivo é a eliminação do Estado de Israel e a morte de judeus. Representa uma ameaça também ao próprio mudo islâmico, que não reza por sua cartilha e para todo o ocidente, tratado simplesmente como “infiéis” que não têm o direito de viver, segundo suas próprias convicções.
* Toda guerra é amarga e provoca dor e sofrimento. Havia uma relativa paz até 6 de outubro de 2023. Palestinos de Gaza entravam em Israel para trabalhar, tantos outros eram atendidos gratuitamente em hospitais israelenses. A brutalidade do ataque terrorista não deixou alternativa ao Estado judeu, senão enfrentar com força e determinação seus inimigos.
* Ao longo da guerra, o Hamas atentou contra a própria população, que ele governa à força. Utilizou residências, hospitais, mesquitas e escolas como bases militares. Transformou em reféns seu próprio povo, fez da morte dos seus uma arma política contra Israel. Nunca, preservar vidas israelenses ou palestinas, foi considerado em sua estratégia.
* A criação de um estado palestino é moralmente defensável e politicamente, necessário. Em muitos momentos da história, Israel esteve aberto a trabalhar nesse caminho. Mas é preciso compreender que isso passa pelo pleno reconhecimento do direito de Estado judeu a viver em paz e segurança. Quando se proclama “Palestina livre, do rio ao mar” está se convocando a destruição do Estado de Israel. Como negociar com quem prega seu extermínio, que nas suas cartilhas escolares desumaniza os judeus, que ensina às suas crianças o martírio como caminho de vida e de morte?
* Esse conflito tem criado uma série de narrativas, baseadas em desinformação. Causa perplexidade que agências internacionais tomem o Ministério da Saúde de Gaza, ou seja, o Hamas, como fonte de informações e aceitam os números que eles publicam como verdade irrefutável. E esse discurso vem sendo assumido por amplos setores diplomáticos e acadêmicos. Como consequência, constatamos um aumento gigantesco do antissemitismo com ataques verbais e físicos em comunidades judaicas por todo o mundo, trazendo à lembrança um dos momentos mais mórbidos da recente história contemporânea.
* Estamos vivendo um momento que nos traz alguma esperança: negociações apoiadas por uma plêiade de países buscam alcançar o cessar-fogo e criar as condições para buscar uma paz abrangente e verdadeira para a região. Que os radicais possam ser postos de lado. Que pessoas de bem possam estar à frente desse momento, construindo essa paz tão ansiada!
*Jáder Tachlitsky é economista, professor de Cultura Judaica e História Judaica e coordenador de comunicação da Federação Israelita de Pernambuco.