Conectando equipes na era digital - A arte de comunicar sem perder a essência humana
Na era digital, nos beneficiamos da agilidade proporcionada pelas diversas ferramentas de comunicação disponíveis
Na era digital, nos beneficiamos da agilidade proporcionada pelas diversas ferramentas de comunicação disponíveis. No entanto, embora estejamos mais "conectados" digitalmente, surge um paradoxo: a comunicação, quando não consegue expressar adequadamente a real necessidade do assunto, gera ruídos ou não cumpre com clareza sua missão.
A ideia de que utilizar ferramentas digitais — seja e-mail ou outros aplicativos disponíveis na empresa — seja suficiente para estabelecer uma comunicação eficaz tem criado uma falsa sensação de produtividade. Embora essas tecnologias tenham sido desenvolvidas para facilitar e agilizar a troca de informações, oferecendo inclusive recursos como anexos de imagens e vídeos, muitas pessoas acabam confundindo o ato de enviar uma mensagem com o processo real de comunicar-se.
O problema surge quando colaboradores enviam e-mails sem explicar adequadamente o contexto, sem deixar clara sua demanda ou sem se preocupar se o destinatário realmente compreendeu a mensagem. Eles acreditam que, ao apertar "enviar", já cumpriram seu papel comunicativo. No entanto, a verdadeira comunicação — aquela que gera entendimento mútuo e resolve questões — não foi estabelecida.
Esse cenário gera trocas intermináveis de mensagens que se estendem por semanas ou até meses, quando uma simples ligação, videochamada ou conversa presencial resolveria a questão em minutos. Curiosamente, isso acontece não apenas entre equipes distantes, mas também entre gestores que trabalham no mesmo prédio, revelando uma desvalorização preocupante do ato de comunicar-se verdadeiramente.
O segredo da comunicação intersetorial na era digital reside em equilibrar o uso inteligente da tecnologia com o fomento das relações humanas. O principal desafio dessa jornada está em humanizar a comunicação na medida do possível, investindo mais energia interpessoal.
Minha experiência como Diretora do Grupo Trino revela que, com tantas plataformas disponíveis, a qualidade da comunicação parece ter perdido valor. Principalmente as críticas — mesmo as construtivas — podem soar duras e gerar ainda mais afastamento entre as pessoas. Nada substitui o tom da voz e a expressão corporal.
Devemos utilizar a tecnologia para somar aos processos de comunicação, reconhecendo que diferentes gerações e perfis profissionais têm diferentes preferências e níveis de familiaridade com as ferramentas digitais. Isso pode criar barreiras e exclusão se não for bem gerenciado.
Assim como um bom rótulo conta a história e revela a alma de um vinho, a comunicação interna robusta conta a história da sua empresa e nutre sua cultura. Com interação pessoal regular, a cultura da empresa se fortalece com empatia e robustez.
Não se trata de ter menos canais, mas de usá-los com propósito. Defina um "manual de etiqueta digital" especificando qual ferramenta usar para cada tipo de comunicação. O chat deve ser reservado para urgências rápidas, enquanto o e-mail funciona melhor para comunicados formais. As videochamadas são ideais para discussões complexas que exigem maior interação, e sempre que possível, as reuniões presenciais devem ser priorizadas para feedbacks que demandam escuta ativa e conexão humana mais profunda.
*Especialista em Comunicação Social e Relações Públicas e Sócia Fundadora do Grupo Trino