Santo Tomás de Aquino, 800 anos de atualidade
Na China, país sem tradição católica, (a prática religiosa na China é controlada pelo Estado), o seu Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Ciência e Tecnologia de Huazhong (HUST), na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, acaba de sediar um ato acadêmico solene para homenagear Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274), chamado de "Gigante da Filosofia", na passagem dos 800 anos de seu nascimento
Na China, país sem tradição católica, (a prática religiosa na China é controlada pelo Estado), o seu Instituto de Filosofia da Universidade Estadual de Ciência e Tecnologia de Huazhong (HUST), na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, acaba de sediar um ato acadêmico solene para homenagear Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274), chamado de "Gigante da Filosofia", na passagem dos 800 anos de seu nascimento. Frade dominicano e filósofo da Idade Média, tornou-se conhecido pela harmonia entre fé e razão em sua vasta obra filosófica e teológica, como a “Suma Teológica”.
O convite da HUST afirmava que ele ocupa uma posição importante na história da filosofia ocidental, “é o maior mestre de todas as filosofias", destaca. Essa data, no entanto, não está sendo devidamente celebrada no Brasil, um país tradicionalmente católico. Sua filosofia, influenciada por Aristóteles, de atualidade inquestionável, buscou conciliar o pensamento clássico com a doutrina cristã, defendendo a capacidade da razão de conhecer a Deus. Sistematizou os conhecimentos que influenciam toda a cultura ocidental, criou conceitos inéditos e abriu uma nova escola filosófica.
Ficou na memória de sua vida a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo. As ideias aristotélicas foram vértice para o qual convergiu a sua prodigiosa especulação metafísica, que se debruça sobre questões da realidade, do ser, de Deus, da natureza e da compreensão da existência, “onde tudo o que existe é um ser particular”, buscando explicações sobre o que está para além do mundo físico e concreto, ou do próprio mundo em si.
Em suas “Summae”, monumento no campo do saber filosófico da cristandade, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época. O que é Deus? Esta interrogação acompanhou Tomás de Aquino, motivando-o durante a vida inteira. A compreensão da unidade substancial entre o corpo e a alma em Aquino se ancorava na imagem de homem situado entre o céu e a terra.
Em 1964, o célebre medievalista francês Etienne Gilson (1884-1978) um dos mais eminentes estudiosos internacionais do século XX, tantas vezes citado nos meus escritos, publica a sexta edição daquela que é considerada a sua principal obra: “O Tomismo: Introdução à filosofia de Santo Tomás de Aquino”. Para mim, sendo o que esteve até hoje ao meu alcance sobre o tomismo, trata-se da obra mais importante sobre essa filosofia.
O pernambucano do Recife, Paulo Vicente Gomes Silva Filho, tornou-se referência sobre o Tomismo. Li com interesse a sua dissertação de mestrado “O Problema da verdade na filosofia de Santo Tomás de Aquino”. Não me recordo de ter lido, antes dele, no campo acadêmico, feito aqui, com tamanha profundeza de reflexão não só filosófica sobre o tomismo. Teve como objetivo uma análise abrangente da teoria da verdade em Tomás de Aquino.
*Marcus Prado, Jornalista