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Nossos Adolescentes

Há alguns meses assisti uma série chamada Adolescência e fiquei atônito

Por Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues

Adolescência

Há alguns meses assisti uma série chamada Adolescência e fiquei atônito. Isso nos faz pensar que parte da adolescência está sendo perdida e outros valores estão sendo inseridos neste grupo, que não deveriam estar ali contidos.


Por certo, valores familiares, de solidariedade, alegria e paz estão sendo substituídos, não mais lentamente como pensávamos, mas a ritmo galopante.


Tal questão voltou à tona através de uma famosa live do influencer digital Felca.
Esta semana tivemos um caso em Pernambuco onde uma adolescente foi brutalmente morta pelos seus colegas pelo fato aparente de não ter cedido aos anseios de uma paquera de outro colega.
Muitos pais acham que uma boa escola é suficiente para que os filhos tenham uma educação ideal. Contudo, esquecem-se de que outros fatores, como atenção, participação e envolvimento são necessários para o desenvolvimento das crianças e dos jovens.


Recentemente li um artigo do psicólogo clinico Gustavo Figueirêdo, onde ele utilizou o termo dialocência.
A adolescência é um período cheio de mudanças, descobertas e desafios, e o diálogo desempenha um papel essencial nesse momento. Conversas abertas e respeitosas podem ajudar os adolescentes a se sentirem ouvidos, compreendidos e apoiados, além de fortalecer os laços com pais, professores e amigos.
O diálogo também é uma ferramenta poderosa para resolver conflitos, promover empatia e orientar os jovens na construção de seus valores e identidade.


Conversas abertas e honestas criam confiança e conexão entre as pessoas.


O diálogo ajuda a resolver mal-entendidos e a encontrar soluções pacíficas para problemas.


Escutar e compartilhar pontos de vista diferentes aumenta a compreensão mútua.


Quando as pessoas se sentem ouvidas, elas ganham mais confiança em si mesmas.


Frente a tanta responsabilidade fora de casa, os pais sentem o “conforto” de pagar por uma educação para os filhos e outros tantos confortos que a vida moderna concede, como internet, programas de streaming e muito mais.


Veja o perigo disso, pois criamos crianças jovens e adolescentes digitalmente sem relevância cerebral e comportamental adequada, em alguns casos, quando sentam numa mesa não conseguem encarar uma conversa real, pois estão ansiosas para voltarem ao mundo “virtual”.


Deve se repensar o papel das “telas” no papel da criação e educação frente ao susto que estamos nos deparando hoje, a mudança se faz urgente, não se pode deixar para o amanhã, que nunca chega, vivemos o agora.


Marcante a frase de Umberto Eco:


Justificar tragédias como “vontade divina” tira da gente a responsabilidade por nossas escolhas”.
O que quero para nossas crianças e adolescentes?


Deixo o lindo pensamento de Khalil Gibran:


“Teus filhos não são teus filhos. São filhos e filhas da vida, anelando por si própria. Vem através de ti, mas não de ti. E embora estejam contigo, a ti não pertencem. Podes dar-lhes amor, mas não teus pensamentos, pois eles têm seus pensamentos próprios. Podes abrigar seus corpos, mas não suas almas, pois suas almas residem na casa do amanhã, que não podes visitar-se quer em sonhos. Podes esforçar-te por te parecer com eles, mas não procureis fazei-los semelhante a ti, pois a vida não recua, não se retarda no ontem. Tu és o arco do qual teus filhos, como flechas vivas, são disparados. Que a tua inclinação na mão do arqueiro seja para alegria”.

Sérgio Ricardo Araújo Rodrigues. Advogado e professor universitário.