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UPE: um patrimônio pernambucano cujos docentes precisam ser valorizados

A Universidade de Pernambuco (UPE) enfrenta uma grave crise de evasão docente, tendo perdido 99 professores entre 2022 e outubro de 2024

Por Demócrito Miranda

A UPE é uma universidade que completa 60 anos em 2025 e é atualmente considerada a melhor instituição estadual no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, conforme o Ranking Universitário Folha de SP

A Universidade de Pernambuco (UPE) enfrenta uma grave crise de evasão docente, tendo perdido 99 professores entre 2022 e outubro de 2024, dos quais 94 saíram por exoneração ou aposentadoria precoce. Esta "fuga de cérebros" está diretamente relacionada à carreira docente que é incompleta, pois carece da função de Professor Titular de Carreira, e é defasada, pois, utiliza critérios de progressão extemporâneos que não condizem com a atual dinâmica de uma universidade.


A UPE é uma universidade que completa 60 anos em 2025 e é atualmente considerada a melhor instituição estadual no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, conforme o Ranking Universitário Folha de SP. No quadriênio 2021-24, pesquisadores da UPE captaram cerca de 30 milhões de reais de agencias nacionais e internacionais de apoio à pesquisa e inovação. Nas epidemias e nos alertas epidemiológicos, a UPE tem sido fundamental no treinamento e formação de recursos humanos em todos os níveis (também nos períodos interepidêmicos), fazendo a comunicação com mídia e atuando na resposta assistencial.

O Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) teve um reconhecido papel nas epidemias de Cólera, HIV/AIDS, Dengue, Leptospirose, H1N1, Zika e Covid. O HUOC foi o primeiro a atender pacientes com Covid e o último a fechar seus leitos exclusivos na pandemia. Nossas pesquisas em resposta à crise gerada pela microcefalia da Zika congênita são reconhecidas no mundo inteiro. O PROCAPE, o maior Hospital Cardiológico do estado e o CISAM, referência no parto de alto risco, têm demonstrado frequentemente sua importância no cenário de ensino, pesquisa e assistência de Pernambuco.
No entanto esta capacidade de dar respostas aos problemas da sociedade poderia ser muito mais expressiva se a posição acadêmica dos docentes estivesse de acordo com a já demonstrada competência.

A avaliação para concessão de recursos financeiros federais para pesquisa conhecidos como bolsa de produtividade, privilegia docentes que atestam maior experiência em pesquisa e orientação, mas também leva em conta sua posição na carreira universitária. As mais importantes fontes de fomento partem do princípio de que as universidades com professores mais graduados (Associado e Titular), merecem maior credibilidade e demonstram maior capacidade produtiva. Este é um critério utilizado no mundo inteiro. Atualmente a UPE não tem a função do professor Titular de Carreira e há um estrangulamento no processo de progressão da função de Adjunto para Associado, devido a critérios que não levam em conta todas as atividades do docente.


A Governadora Raquel Lyra está a um passo de salvar esse patrimônio pernambucano. Temos nas mãos o produto do trabalho de seis meses de uma Comissão Tripartite, criada pelo próprio governo do estado, com representantes da Secretaria de Administração, dos docentes e da reitoria da UPE. Esta Comissão concluiu em junho de 2025 a proposta de ajustes na lei que rege a Carreira Docente na UPE e dois decretos que regulamentam os critérios de progressão. Esta é uma reparação necessária e urgente. Reparação que é, na realidade, um investimento para o futuro do Estado e para o bem da sociedade pernambucana.

 

Demócrito Miranda
Professor Associado FCM/UPE

Maria Teresa Cattuzzo
Professora Associada ESEF/UPE