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O mito da mãe infalível

O amor verdadeiro não está na perfeição, mas na constância de quem, mesmo imperfeita, continua escolhendo amar

Por Claudia Molinna

Durante séculos, a sociedade ensinou que a mulher nasceu para cuidar. Assim, ao se tornar mãe deveria, automaticamente, tornar-se perfeita, paciente, abnegada, compreensiva e sempre disponível. Desta forma, nasceu o mito da mãe infalível, uma figura quase divina, sem falhas, cansaço ou limites.

A verdade é que essa imagem pesa e sufoca a mulher real, que sente, erra, chora e se culpa. A idealização da maternidade perfeita transformou o amor materno em exigência. A mãe que trabalha é cobrada por ausência, já a que se dedica integralmente é criticada por dependência. Nenhuma escapa ilesa do julgamento social.

O pediatra e psicanalista britânico Donald Winnicott, um dos pensadores mais humanos da psicanálise, rompeu com essa visão. Ele afirmou que a mãe não precisa ser perfeita, apenas suficientemente boa. Essa expressão resume uma ideia poderosa: basta estar presente, amar e errar tentando acertar. É nesse movimento humano que a criança se desenvolve e aprende a confiar no mundo.

Winnicott mostrou que a mulher não nasce mãe, ela se torna. A maternidade é um processo de descoberta, feito de improvisos e afetos reais. Portanto, mãe não é ser santa, mas presença, vulnerabilidade e coragem.

Romper com o mito da mãe infalível é libertar a mulher da culpa. O amor verdadeiro não está na perfeição, mas na constância de quem, mesmo imperfeita, continua escolhendo amar.

MULHERES SÃO MAIORIA NA PREVIDÊNCIA

O rosto da Previdência Social brasileira está mudando e ele é cada vez mais feminino.

Segundo dados do INSS, das 23,5 milhões de aposentadorias pagas até dezembro de 2024, 12,1 milhões são de mulheres, contra 11,4 milhões de homens. Entre as idosas de baixa renda que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) de um salário mínimo, elas também são maioria desde 2018.

O avanço reflete a maior inserção feminina no mercado formal de trabalho, o direito à aposentadoria em idade menor e a maior longevidade das mulheres. Além disso, revela o peso da dupla jornada: cuidar da família e ainda garantir o próprio sustento.

Hoje, as mulheres representam cerca de 43% da população ocupada no país. São, ao mesmo tempo, contribuintes e sustentação afetiva e econômica de milhões de lares. A previdência se transforma, assim, em um espelho social, mais feminina, longeva e solidária.

SUS OFERECE NOVO TRATAMENTO PARA CÂNCER DE MAMA

O Sistema Único de Saúde começa uma nova fase no enfrentamento ao câncer de mama, ao incluir na rede pública um medicamento moderno e inédito no país. O remédio, já aprovado pela Anvisa, representa um avanço importante no tratamento de tumores metastáticos e deve beneficiar milhares de mulheres brasileiras que antes dependiam de terapias caras e restritas ao setor privado.

A chegada dessa medicação reforça o compromisso do SUS com a equidade e com a inovação científica. Pela primeira vez, um tratamento de alto custo, capaz de aumentar a sobrevida e reduzir os efeitos colaterais, será acessível a todas as pacientes que atendam aos critérios clínicos.

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil. O acesso gratuito a terapias de ponta significa não apenas mais chances de cura, mas também mais dignidade. Cada nova política de saúde que amplia esse cuidado reafirma o princípio central do sistema público brasileiro, que é o de garantir que a tecnologia médica chegue a quem mais precisa.