° / °
Cadernos Blogs Colunas Rádios Serviços Portais

Vivemos a cultura do grito

Pesquisadores da Universidade de Yale e do Instituto Max Planck identificaram o fenômeno chamado "moral outrage" (indignação moral) nas redes sociais

Por Claudia Molinna

O século XXI parece ter perdido o tom da voz, pois em vez de diálogo, temos gritaria e em vez de escuta, temos reação. Essa sensação tem base real, porque estudos mostram que estamos, de fato, vivendo o auge da cultura do grito, uma era em que a indignação se tornou a principal forma de comunicação pública.

Pesquisadores da Universidade de Yale e do Instituto Max Planck identificaram o fenômeno chamado “moral outrage” (indignação moral) nas redes sociais. Segundo um estudo publicado na revista Nature Human Behaviour, expressões de raiva e ataques verbais geram mais curtidas, comentários e compartilhamentos do que postagens equilibradas. O algoritmo recompensa o grito e, com ele, a polarização.

Outra pesquisa da University of Southern California comparou o aumento das palavras de ódio nas redes entre 2016 e 2024, concluindo que o volume de mensagens agressivas cresceu mais de 60%. A ira, portanto, passou a ser socialmente estimulada, transformada em produto cultural com alto valor de atenção.

Mas essa epidemia do grito não se limita ao ambiente digital. Segundo a psicóloga social Brené Brown, vivemos a exaustão emocional da era da exposição, onde se grita para ser visto ou, até mesmo, para existir. Assim, o ruído virou identidade.

Em contraponto, cresce a busca por silêncio e pausa. Um levantamento da revista Vida Simples mostra o aumento de 40% nas buscas por práticas de autocontrole e respiração consciente. De acordo com o Google, as buscas por "como ser uma pessoa mais calma" tiveram um aumento de 3.250% em relação ao ano passado, enquanto "Espairecer a mente" cresceu 400%.

Pelo jeito, a sociedade começa a perceber que o antídoto do grito não é o contra-grito, mas a escuta. Talvez o futuro pertença a quem souber falar com calma em meio ao barulho, já que o equilíbrio emerge como a postura mais revolucionária da consciência moderna.

MULHERES AINDA GANHAM MENOS EM 2025

O Boletim Mulheres 2025, divulgado pelo DIEESE, revela que as brasileiras ainda enfrentam uma lacuna salarial significativa. Em média, ganham R$ 762,00 a menos que os homens, o que equivale a 22% de diferença nos rendimentos.

O dado expõe uma ferida que persiste mesmo após décadas de avanços educacionais e de presença feminina no mercado de trabalho. As mulheres estudam mais, lideram lares e ocupam espaços estratégicos, mas continuam recebendo menos por igual valor de competência.

Essa desigualdade não é apenas econômica, mas simbólica. Mostra o quanto a sociedade ainda associa autoridade, poder e liderança ao masculino. O boletim reforça que reduzir o abismo salarial é também uma questão ética e civilizatória. Um país que remunera de forma desigual o mesmo mérito não pratica justiça, apenas perpetua a cultura da desigualdade travestida de normalidade.

CÂNCER DE MAMA EM 2025: ALERTA QUE O BRASIL NÃO PODE SILENCIAR

O Instituto Nacional de Câncer estima que, para cada ano do triênio 2023 a 2025, o Brasil registre cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama, o que corresponde a uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100 mil mulheres.

O dado confirma uma tendência preocupante: o câncer de mama continua sendo o tipo mais incidente entre as mulheres brasileiras e o que mais provoca mortes.

Apesar dos avanços na medicina e da ampliação das campanhas de conscientização, o diagnóstico ainda chega tarde para muitas. A demora no acesso à mamografia e ao tratamento é um dos maiores desafios do sistema público de saúde.

Como prevenir: manter hábitos saudáveis faz diferença real. Praticar atividades físicas regularmente, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo excessivo de álcool e realizar exames preventivos anuais são atitudes que reduzem o risco. A detecção precoce salva vidas. Por isso, cuidar do corpo e ouvir seus sinais é um gesto de amor e consciência.