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O amor moderno de quatro patas

Em diversas famílias, os pets já não são tratados como simples animais domésticos, mas como membros legítimos que recebem atenção carinho e investimentos constantes

Por Claudia Molinna

A relação entre seres humanos e animais de estimação passa por uma revolução silenciosa. O que antes era visto apenas como companhia, hoje ocupa um espaço emocional que se aproxima do cuidado dedicado a filhos pequenos. Em diversas famílias, os pets já não são tratados como simples animais domésticos, mas como membros legítimos que recebem atenção carinho e investimentos constantes.

Cada vez mais, casais optam por adiar ou até mesmo abrir mão da maternidade e da paternidade e, nesse contexto, os pets surgem como resposta ao desejo de afeto. Eles preenchem vazios emocionais e constroem vínculos profundos com seus tutores, que lhes oferecem brinquedos, planos de saúde veterinária, roupas especiais e até festas de aniversário O mercado pet reflete essa transformação com um crescimento acelerado, que movimenta bilhões e já é considerado um dos setores mais promissores da economia global.

Por trás desse fenômeno existe uma mudança cultural significativa. Cães e gatos não são mais vistos como animais de posse, mas como parte de um núcleo familiar que dá sentido a rotinas e escolhas. A psicologia explica que esse vínculo promove sentimentos de segurança,pertencimento e estabilidade emocional Em tempos de solidão e pressões sociais, os pets se tornam fonte de amor incondicional.

As redes sociais amplificam esse movimento com perfis dedicados a bichinhos, que conquistam milhares de seguidores e transformam a afetividade em espetáculo digital. Mais do que tendência, esse fenômeno mostra que a sociedade redefine, constantemente, seus modos de amar e de criar laços. Os novos bebês têm quatro patas e ensinam, que o afeto pode se renovar em formas inesperadas.

IGUALDADE DE GÊNERO, UM DESAFIO QUE ATRAVESSA GERAÇÕES

O Fórum Econômico Mundial acaba de divulgar um dado que provoca reflexão e urgência. Segundo o Índice Global de Disparidade de Gênero 2025, no ritmo atual, a igualdade plena entre homens e mulheres só será conquistada em 123 anos, o que equivale a cinco gerações. Nossas netas e bisnetas ainda enfrentarão obstáculos que deveriam ter sido superados há muito tempo. Saadia Zahidi, diretora executiva do Fórum, ressalta que investir em igualdade não é apenas uma pauta social, mas também uma estratégia econômica inteligente, capaz de gerar resiliência, prosperidade e produtividade para todos os países.

No Brasil a realidade confirma esse atraso. Em Pernambuco, o 2º Relatório de Transparência Salarial, divulgado no ano passado, mostrou que as mulheres recebem em média 9,93% a menos que os homens pelo mesmo trabalho. Essa diferença revela que, mesmo com avanços, a discriminação permanece entranhada no cotidiano do mercado de trabalho.

Mais do que estatísticas, esses números representam vidas. Mulheres que acumulam jornadas, enfrentam barreiras invisíveis e têm seus talentos desvalorizados em razão do gênero. A igualdade precisa deixar de ser promessa distante para se tornar compromisso imediato.

QUANDO O REMÉDIO DO CORAÇÃO AMEAÇA A VIDA FEMININA

Por muito tempo, os beta-bloqueadores foram considerados peças-chave no tratamento após um infarto. Reduzem a carga de trabalho do coração, controlam a pressão e previnem arritmias. Mas um estudo recente colocou em xeque essa segurança quando o paciente é mulher. A pesquisa revelou que, em casos nos quais a função cardíaca permanece preservada, o uso contínuo desse remédio pode representar mais risco do que proteção.

Os dados mostram que mulheres com fração de ejeção normal, ou seja, quando o coração ainda bombeia com eficiência, apresentaram um aumento significativo de mortalidade ao usar beta-bloqueadores. A situação se torna ainda mais preocupante em doses elevadas, sugerindo que a medicação, em vez de fortalecer, pode sobrecarregar o organismo feminino.

Esse resultado acende um alerta para a necessidade urgente de personalização na medicina. Por décadas, os protocolos de tratamento foram baseados em estudos predominantemente masculinos, estendidos de forma automática às mulheres. O efeito colateral dessa generalização é a negligência de características biológicas e hormonais que influenciam diretamente a resposta terapêutica.

Mais do que números, a descoberta traz uma mensagem clara, que a saúde não pode ser conduzida por padrões únicos. Cada paciente carrega uma história e uma fisiologia que exigem análise individualizada. No caso das mulheres, o coração pede mais escuta, mais atenção e menos fórmulas prontas.