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Capitalismo de atenção: o bem e o mal de viver conectado

O chamado capitalismo de atenção transformou cada segundo que passamos diante de uma tela em produto altamente rentável

Por Claudia Molinna

Vivemos em uma era em que a moeda mais valiosa não é o ouro nem o petróleo, e sim, a atenção. O chamado capitalismo de atenção transformou cada segundo que passamos diante de uma tela em produto altamente rentável. Nosso olhar se tornou mercadoria e empresas competem, ferozmente, por ele.

De um lado, há benefícios inegáveis, pois democratizou o acesso à informação como nunca antes. Hoje, aprendemos com apenas um clique, participamos de debates globais e encontramos conteúdos de qualidade sem sair de casa. Também possibilitou conexões humanas inéditas, pois pessoas separadas por oceanos podem se ver, conversar e se apoiar. Além disso, abriu espaço para empreendedores, artistas e educadores mostrarem seu trabalho a milhares de pessoas, sem depender de grandes meios de comunicação.

Mas há também o outro lado. Nossa atenção é explorada por plataformas que usam mecanismos de vício, como notificações, rolagem infinita e vídeos curtos que nunca acabam. O resultado é ansiedade crescente, dificuldade de concentração e dispersão contínua. O excesso de estímulos nos afasta do silêncio, da reflexão e até da liberdade interior. O pior é que os algoritmos aprendem sobre nós e tentam manipular desejos e escolhas, muitas vezes sem que percebamos.

Resistir ao capitalismo de atenção não significa rejeitar a tecnologia, mas recuperar o poder de escolha. É desligar notificações, reservar momentos de desconexão, retomar a leitura profunda e cultivar a presença real. São gestos simples, mas que devolvem autonomia, pois quem controla o seu olhar, controla o seu destino.

O SILÊNCIO QUE DÓI: PRECONCEITO E CLIMATÉRIO

O climatério é uma fase natural da vida da mulher, mas ainda envolve um preconceito silencioso que torna o processo mais doloroso. Em vez de acolhimento, muitas vezes a mulher encontra olhares de julgamento, estigmas e invisibilidade. Esse silêncio social faz com que muitas se sintam sozinhas, como se não houvesse espaço para falar sobre o que vivem no corpo e na alma.

A psicologia alerta que os sintomas podem começar até dez anos antes da menopausa. Ondas de calor, alterações de humor, insônia, irritabilidade, ansiedade, além de mudanças físicas, já anunciam a transição. Mas o que pesa não é apenas a parte biológica: é o peso de uma cultura que associa juventude à beleza e produtividade, insistindo em desvalorizar a mulher que atravessa essa etapa.

Romper esse preconceito exige informação, empatia e diálogo. O climatério não deve ser visto como fim, mas como uma nova fase de potência e sabedoria. Quando há apoio e compreensão, a mulher descobre que pode florescer novamente, com equilíbrio e força.

LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL COMPLETA 15 ANOS COM AVANÇOS E DESAFIOS

A Lei de Alienação Parental (nº 12.318/2010) completa 15 anos trazendo conquistas, mas também desafios em sua aplicação. Criada para proteger crianças e adolescentes, a lei define como alienação qualquer interferência na formação psicológica da criança feita por um dos pais, avós ou responsáveis, com o objetivo de afastá-la do outro genitor.

A lei exemplifica atos de alienação parental, como: dificultar contato da criança com o outro genitor, omitir informações relevantes sobre a vida do filho (como questões escolares e médicas), apresentar falsas denúncias contra o pai ou a mãe, mudar de domicílio sem justificativa para dificultar a convivência, ou ainda, desqualificar constantemente a conduta do outro genitor diante da criança.

Quando constatada a prática de alienação, o juiz pode determinar medidas que variam desde uma advertência, passando por ampliação da convivência com o genitor prejudicado, inversão da guarda e até a suspensão da autoridade parental, sempre levando em conta o melhor interesse da criança.

Ao longo desses 15 anos, a lei foi fundamental para dar voz a pais e mães injustamente afastados dos filhos. Casos em que um genitor induzia a criança a dizer “não quero ver você” ou omitisse informações escolares, foram reconhecidos como formas de violência emocional.

Entretanto, os desafios permanecem. Há o risco do uso distorcido da lei, em que acusações de alienação são feitas de forma abusiva em disputas judiciais. Soma-se a isso a dificuldade de comprovação, já que se trata de condutas sutis, que exigem análises cuidadosas de psicólogos, assistentes sociais e peritos.

Depois de 15 anos, o maior desafio é equilibrar punição e prevenção, ou seja, aplicar a lei com rigor contra a alienação real, mas evitar que ela seja usada como arma em brigas de guarda. Mais do que punir, é necessário investir em mediação familiar, acompanhamento psicológico e políticas públicas que ajudem crianças a crescerem com vínculos saudáveis, sem carregar as marcas de conflitos que não escolheram viver.