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Um verão bem quente e de chuvas irregulares

Para meteorologistas ouvidos pelo Correio, nova estação - que começa amanhã - evidenciará os impactos do aquecimento global

Por Correio Braziliense

Praia de Boa Viagem

A estação das flores e do retorno das chuvas dá adeus ao Brasil e o país recebe a temporada de temperaturas elevadas, de praias e férias escolares. O verão brasileiro começa amanhã, exatamente às 12h03 (no horário de Brasília), prometendo muito calor e podendo apresentar irregularidade na quantidade e na intensidade de chuvas, devido ao aquecimento global. Especialistas acreditam que a nova estação evidenciará os impactos do aquecimento global ao longo de dias mais longos e noites mais curtas.

Na avaliação do meteorologista Natálio Abrahão Filho, o verão do fim deste ano será de neutralidade, sem El Niño e La Niña, com temperaturas elevadas de máximas de até três graus acima da média em todo país. O Centro-Oeste e o interior do Nordeste terão o ar mais quente do que os outros locais do território brasileiro.

"Os eventos estão em condições de neutralidade, com viés dos fenômenos da atmosfera, como o El Niño e La Niña, e isso traz mudanças. O Centro-Oeste com menos chuvas e o Nordeste, muito mais quente, são resultados dessas modificações. No Sul do país, as chuvas diminuem e a tendência é de que ocorram somente no litoral", explicou, ao relembrar que a próxima semana nas regiões próximas às fronteiras da Argentina e do Paraguai devem ter chuvas fortes e tempestades com nova frente fria.

Para Natálio, algumas localidades podem ser sobrecarregadas, com chances de enchentes e inundações. Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro estão na rota desses eventos extremos, com números elevados de raios e ventos de rajadas. "O aquecimento global é real e amplifica esses movimentos", ressaltou.

Com relação às temperaturas, o alto calor, entre 22 e 30 de dezembro, deve ocorrer principalmente no centro-leste brasileiro. Na região que integra Minas e Bahia, será 6°C acima da média.

Possíveis chuvas
Na análise dos meteorologistas Alexandre Nascimento e Desirée Brandt, da Nottus - empresa de consultoria meteorológica de negócios -, a nova estação não deve ser das mais quentes, mas, sim, marcada pela influência do fenômeno La Niña, favorecendo a ocorrência de chuvas no Sudeste, no Centro-Oeste, no Matopiba (região formada pelo estado do Tocantins e partes do Maranhão, do Piauí e da Bahia) e em áreas da Região Norte. Além disso, os estudos divulgados por eles indicam que a temporada é favorável ao agronegócio, especialmente em relação à umidade do solo e ao desenvolvimento das culturas.

"Podemos ter momentos isolados de trégua na chuva, com temperatura mais alta, mas os modelos não indicam ondas prolongadas de calor. No geral, a tendência é de temperatura mais moderada ao longo da estação. A expectativa é de precipitação em torno da média histórica em grande parte do Brasil Central. Estamos observando um padrão que contribui para episódios persistentes de chuva, com boa reposição hídrica na região central. Isso garante um excelente índice de água disponível no solo para as culturas de verão de milho e soja", explica Desirée.

La Niña "fraco"
O meteorologista da Tempo OK, Celso Oliveira, destacou que a primavera foi marcada pela presença de um La Niña "fraco", que influenciou pouco a atmosfera e que os padrões clássicos desse fenômeno não foram observados. Conforme explicou, a anomalia de temperaturas baixas no Oceano Pacífico está se desconfigurando e caminhando para uma neutralidade, que deve se confirmar até março de 2026.

 

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