PF pede a Zanin para ampliar investigação sobre filha de ministro do STJ
Segundo a defesa de Catarina Buzzi, a vinculação do seu nome à investigação sobre venda de decisões é "descabida e maliciosa"
A Polícia Federal pediu autorização ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), para aprofundar a investigação sobre vendas de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Zanin é relator do caso no inquérito que trata do assunto e tramita no Supremo.
De acordo com informações do Estadão, a corporação busca, entre outras coisas, apurar a atuação da filha de um ministro da Corte no esquema, cujo núcleo central seria ocupado pela empresa Fource e seus sócios, Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak.
Haroldo, conforme afirmou a PF em relatório parcial, tem “influência direta” em gabinetes do STJ, mantendo relacionamento pessoal, por exemplo, com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro do STJ Marco Buzzi.
Segundo a defesa de Catarina, a vinculação do seu nome à investigação sobre venda de decisões é “descabida e maliciosa”.
“Catarina Buzzi nunca atuou em qualquer processo da Fource, dos proprietários da empresa ou de Andreson de Oliveira. A advogada apenas alugou três salas da Fource em um prédio na área central de Brasília. Alugar imóvel não constitui crime. A advogada não se responsabiliza por eventual citação do nome dela em conversas de terceiros, ainda mais em conversas sem qualquer relevância jurídica. É importante deixar claro também que Catarina Buzzi não é alvo de investigação oficiada pelo Supremo Tribunal Federal. A investigação, até onde se sabe, diz respeito a casos específicos, que não tiveram qualquer relação com a atuação da advogada”. disse a defesa em nota.
Anteriormente, o gabinete do ministro Buzzi já havia declarado não ter conhecimento das relações de Catarina ou proferido decisões favoráveis aos interesses de Haroldo.
Ao Estadão, a Fource enviou nota contestando as conclusões do relatório da PF. “Trata-se de um relatório que ignora a ausência de irregularidades efetivas, apoiando-se em mensagens descontextualizadas e em opiniões isoladas de um delegado, sem fundamento técnico ou jurídico capaz de justificar as ilações apresentadas. Mais uma vez, assistimos a um preocupante cenário de denuncismo e de ilações infundadas, próprio de um ambiente de viés policialesco, em que o direito de defesa e o devido processo legal são amplamente atacados e colocados em segundo plano”, afirmou.
“É inaceitável que, após mais de um ano de apurações, as conclusões apresentadas sejam tão levianas, frágeis e desprovidas de qualquer respaldo probatório”, acrescentou.
De acordo com a Fource, há um grupo interessado em atacar a empresa e este grupo “descumpriu obrigações e deixou de pagar seus credores, motivo pelo qual não tem legitimidade alguma para questionar a atuação da Fource”.
“Reafirmamos nossa integridade, nosso profissionalismo e a credibilidade que marcam nossa trajetória no mercado. A Fource repudia esse tipo de prática e confia que o Ministério Público e o Poder Judiciário se atenham aos fatos e às provas, assegurando a verdade e a justiça”, finalizou.
Com informações do Estadão