Mensagem sugere repasse de R$ 1,12 milhão a filha de ministro do STJ, aponta PF
Catarina Buzzi teria recebido um repasse de R$ 1,12 milhão, informou o relatório parcial da Polícia Federal (PF)
A filha do ministro Marco Buzzi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), teria recebido um repasse de R$ 1,12 milhão, informou o relatório parcial da Polícia Federal (PF), anexado a um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre venda de sentenças. As informações são da revista Oeste.
Segundo o jornal O Globo, a apuração da PF revelou que Catarina Buzzi mantinha laços com Roberto Zampieri, advogado morto em dezembro de 2023, Haroldo Augusto Filho, sócio da Fource – empresa investigada sob suspeita de envolvimento na compra de sentenças no STJ e no Tribunal de Justiça do Mato Grosso.
Em imagens recuperadas do celular de Andreson de Oliveira Gonçalves, lobista suspeito de operar o esquema de venda de decisões do STJ, foi encontrada uma foto de mensagens atribuídas a uma pessoa identificada como Carlos Chaves para alguém chamada de “Dra”.
“Dra eu transferi para a sua conta e da KATARINA Buzzi R$ 1.120.000,00. No caso que estamos tratando”, afirma a mensagem revelada pela Polícia Federal. “A promessa de trabalho era outra e posso provar. Nesse caso como não foi cumprido, peço de imediato a restituição dos meus valores. Caso isso não aconteça irei buscar os meios legais da lei para rever e expor a minha situação. Esperava de vocês o cumprimento do que havíamos tratado. Fico no aguardo do meu ressarcimento imediato”, diz Carlos na troca.
Na mesma foto, é possível ver um comprovante de transferência de R$ 500 mil, classificada como “pagamento de honorários”.
Em nota, o advogado João Pedro de Mello Souza, responsável pela defesa de Catarina, afirmou que ela “não fez nenhuma transação, promessa ou serviço e nem recebeu qualquer valor dos personagens mencionados”.
“A advogada não se responsabiliza por conversas de terceiros em WhatsApp, sobretudo conversas sem relevância jurídica. É importante também deixar claro que a advogada não é alvo de nenhuma investigação supervisionada pelo Supremo Tribunal Federal ou qualquer outra instância”, declarou.
A foto da tela que mostra o suposto depósito teria sido feita dias depois de Catarina contatar Zampieri.
“Dr. Roberto! Tomei a liberdade de pedir seu número ao Haroldo. Agora está na agenda. Foi um prazer reencontrá-lo”, escreveu ela em 7 de outubro de 2022. Em resposta, recebeu: “Boa tarde, Catarina. O prazer é todo meu. Obrigado”.
Em nota enviada através de assessoria, o ministro Marco Buzzi afirmou não acompanhar “as relações comerciais de sua filha ou de qualquer outro advogado”. Já o STJ, declarou que as pessoas e empresas citadas “não fazem parte de nenhum processo sob responsabilidade do ministro”.
A Polícia Federal pediu ao ministro Cristiano Zanin, que supervisiona o inquérito, para que as investigações sobre Catarina Buzzi sejam ampliadas.
Segundo a corporação, por envolver diferentes instâncias judiciais, parte das informações será analisada em procedimentos separados para garantir a efetividade das apurações.
O inquérito no STF investiga uma rede de lobistas, advogados, empresários e ex-servidores ligados aos gabinetes dos ministros Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. Os magistrados não são alvo da apuração.