Influenciadoras são acusadas de fazer publi para esquema de tráfico humano
Publicidade de intercâmbio para a Rússia gera polêmica nas redes sociais e alerta sobre golpes envolvendo jovens
Nos últimos dias, influenciadoras brasileiras promoveram publicidade nas redes sociais por meio da divulgação de um programa chamado Start Program, oferecendo oportunidades de trabalho na Rússia para mulheres de 18 a 22 anos, com salários de US$ 540 (R$ 2,9 mil) a US$ 680 (R$ 3,6 mil), além de benefícios como passagem aérea, moradia, seguro de saúde e cursos de capacitação.
O anúncio, focado em jovens mulheres entre 18 e 22 anos, foi feito por nomes como MC Thammy, Isabella Duarte, Zabetta Macarini, Catherine Bascoy e Aila Loures.
O programa divulgado como Start Program é, na realidade, Alabuga Start, uma agência com histórico internacional de exploração de mulheres, sem registro no Brasil, CNPJ ou telefone local. O site utilizado para divulgação apresentava conteúdo gerado por inteligência artificial (IA) e informações falsas, segundo apuração de criadores de conteúdo como Guga Figueiredo, conhecido como “Xerife da Internet”, e Jordana Vucetic.
Após as denúncias, todos os vídeos de publicidade foram apagados, e a conta da empresa no Instagram foi banida. De acordo com relatórios da Iniciativa Global contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC), mulheres que aceitaram a proposta da empresa enfrentaram jornadas exaustivas, vigilância constante e problemas de saúde, sendo obrigadas a trabalhos em condições degradantes, incluindo produção de armamento e drones militares, serviços de limpeza e buffet.
As jovens recrutadas eram enganadas com promessas de crescimento profissional e cursos, mas acabavam em ambientes de exploração laboral severa, com riscos à saúde e à segurança.
O que se sabe sobre a Alabuga Start?
A empresa, localizada no Tartaristão, Rússia, já foi alvo de denúncias internacionais envolvendo mulheres de Uganda, Ruanda, Quênia, Sudão do Sul, Serra Leoa, Nigéria e Sri Lanka, que relataram falsas promessas de cursos e crescimento profissional. Ao chegar ao país, eram submetidas a condições degradantes e exploração laboral.
No Brasil, o modus operandi foi o mesmo: atrair jovens com promessas de intercâmbio e salários altos, usando influenciadoras digitais para dar credibilidade ao programa. Até o momento, não há registros de autorização legal para a operação no país.
As informações são do Estado de Minas.