PF acha novas minutas de decisões de mais quatro gabinetes de ministros do STJ com lobista
Agentes investigam um esquema de venda de decisões e vazamento de informações da Corte
Novas minutas de decisões de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) foram identificadas pela Polícia Federal em um notebook do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves. As informações foram divulgadas pelo Estadão.
Os agentes investigam um esquema de venda de decisões e vazamento de informações da Corte. Os documentos localizados pela PF também estavam presentes no celular de Roberto Zampieri, advogado assassinado no final de 2023. Os textos, de acordo com o Estadão, estão vinculados aos gabinetes de mais quatro ministros e de um ex-ministro do STJ, que ainda não haviam entrado no foco da Operação Sisamnes.
Foram vazadas minutas dos gabinetes de Marco Buzzi, Antônio Carlos Ferreira, João Otávio de Noronha e Ricardo Villas Bôas Cueva. Procurados, os ministros afirmaram desconhecer os vazamentos e negaram ter favorecido as partes representadas pelo lobista. A defesa de Andreson escolheu não se manifestar.
Anteriormente, eram alvo de apuração os gabinetes de Isabel Galotti, Moura Ribeiro, Nancy Andrighi e Og Fernandes. No ano passado, quando o vazamento de documentos vieram a público, os ministros declararam ter pedido ao STJ que uma apuração sobre os fatos fosse aberta, além de negarem ter conhecimento dos vazamentos.
Na época, o STJ disse que sindicâncias foram abertas para apurar as suspeitas de que servidores do tribunal estavam envolvidos nesses vazamentos e pediu a abertura de investigação à Polícia Federal. Essas sindicâncias ainda estão em tramitação.
Segundo a PF, não há indícios do envolvimento direto dos ministros nesses novos vazamentos, mas a origem deve ser apurada. “Registra-se, pelos motivos anteriormente expostos, que a presença dessas minutas, com certas semelhanças às decisões oficialmente publicadas, não implica, por si só, em suspeitas quanto à conduta dos ministros. Entretanto, constitui elemento que não pode ser desconsiderado, exigindo análise criteriosa e, se necessário, diligências adicionais, a critério da autoridade policial, para assegurar a integridade e autenticidade dos documentos em questão”, diz o relatório obtido com exclusividade pelo Estadão.