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Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil |
O custo dos itens da cesta básica continua subindo no Grande Recife e continuam impactando nas finanças do consumidor, que precisa separar uma parte maior do salário e passar mais tempo pesquisando os melhores preços nos supermercados. Segundo levantamento recente do Procon-PE, a cesta básica no Grande Recife subiu R$ 5,56 em janeiro de 2025, em comparação a dezembro de 2024, chegando a R$ 668,55 no mês.
Em entrevista, na última quinta-feira (6), o presidente Lula sugeriu que os brasileiros deixassem de comprar produtos mais caros. “Se você vai ao mercado em Salvador e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver a consciência de não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, disse o presidente.
Para o educador financeiro e coordenador do Núcleo de Inteligência de Mercado do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), João Paulo Nogueira, essa fala descreve o movimento do mercado: com menos demanda por determinado produto, a tendência é que ocorra uma diminuição dos preços.
OFERTA E DEMANDA
De acordo com João Paulo, a substituição de alimentos, por exemplo, a trocar carne bovina pelo frango, gera no mercado o aumento da oferta de carne por causa da menor quantidade de gente comprando (demanda). Essa troca no consumo da população tende a fazer com que o mercado reduza o valor da carne, já que esse é um produto perecível e deve entrar em promoção para que o estoque seja zerado.
“Quando ocorre alguma boa safra, por exemplo a do feijão, acontece o aumento da oferta. Significa que a quantidade de produto irá aumentar no mercado. Com mais produto no mercado, para as pessoas conseguirem vender, elas terminam gerando uma guerra de preços e colocando valores mais baixos”.
Para conseguir economizar, o consumidor pode avaliar os preços dos produtos de acordo com a marca e o tipo do alimento. Esse é o caso do arroz, cujo preço pode variar de acordo com a marca.
ALIMENTOS MAIS CAROS
No Recife, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre dezembro de 2024 e janeiro 2025, apresentaram elevação de preço: o tomate (+20,68%), o café ( 10,66%), o óleo de soja ( 1,94%), a manteiga ( 1,55%) e o pão francês ( 1,35%). Durante o mês, sete dos doze produtos que compõem a cesta do Recife ficaram mais baratos: o arroz (-3,03%), a farinha de mandioca (-2,63%), o feijão (- 2,55%), o leite (-2,14%), o açúcar (-1,96%), a carne (-0,65%) e a banana (-0,40%).
Já no período de 12 meses, os maiores aumentos ocorreram para os itens:
1- Café ( 62,85%);
2- Óleo de soja ( 31,58%);
3- Carne ( 17,89%);
4- Tomate ( 17,67%);
5- Leite ( 16,79%);
6- Banana ( 11,26%);
7- Manteiga ( 2,68%);
8- Arroz ( 2,15%);
9- Pão francês ( 1,88%);
10- Açúcar ( 1,81%).
No topo da lista entre os preços que mais apresentaram alta, a oferta do café foi impactado por alguns fatores, segundo João Paulo Nogueira. “Por exemplo, a China hoje é o novo mercado consumidor do café. Então, termina ocorrendo uma maior exportação e consequentemente gerando uma quantidade menor de café no Brasil somada com a safra pequena. Isso faz com que o café fique cada vez mais escasso no Brasil e o preço suba”, afirma.
Já segundo o economista e professor do centro universitário UniFBV Wyden, Filipe Braga, vários problemas externos como as guerras e outros aspectos internacionais influenciam no preço dos alimentos no Brasil. Ele diz que a subtituição é somente um paliativo, uma vez que são opções limitadas e o consumidor, fatalmente, terá que optar pela compra.
Filipe Braga destaca ainda que isso reflete na redução do poder de compra de alimentos por parte da população. O que impacta nas pessoas que possuem a renda menor, porque grande parte do salário é gasto com alimentação.
IMPACTOS NO BOLSO DO CONSUMIDOR
A pesquisa realizada pelo Procon-PE, entre os dias 24 a 30 de janeiro, analisou os preços praticados entre 26 supermercados do Grande Recife e revelou que as variações nos preços chegam até 409%, na cesta básica no primeiro mês de 2025, em comparação aos preços praticados em dezembro de 2024.
No período, o custo médio da cesta aumentou R,56. Subindo, em janeiro, para R$ 668,55. De acordo com o Procon-PE, esse valor compromete 44,04% do salário mínimo vigente, que passou a ser de R.518,00.
SUBSTITUIÇÃO DE PRODUTOS
De acordo com o nutricionista Henrique Medeiros, no caso do café, é possível que o consumidor consiga encontrar produtos com preços mais baratos fazendo observando os preços praticados pelas marcas.
No caso da substituição da carne bovina, Henrique afirma que é possível substituir pela carne suína, que tem praticamente o mesmo valor nutricional, dependendo do corte da carne. “É possível também trocar por alguns tipos de peixes e também pelo peito de frango. A bandeja de peito de frango está por volta de R$ 15”.
Já no caso do tomate, que também está entre os produtos que tiveram maior aumento, Henrique explica que é possível substituir por cenoura e pela beterraba, que tem um valor nutricional grande e aumenta a imunidade. Ainda segundo o nutricionista, produtos como leite e manteiga podem ser encontrados com valores mais baixos de acordo com a fórmula, o tipo e a marca.