Começou, na manhã desta segunda (20,) o julgamento do empresário Bruno de Andrade Lima de Albuquerque, de 29 anos. Ele é réu por esfaquear a ex-namorada, Karollyne, e os pais dela em um apartamento em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Preso desde dezembro de 2023, Bruno pode pegar mais de 70 anos de prisão.
Documento
A realização do júri popular, no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, onde aconteceu o crime, por pouco não foi adiada. É que a acusação do réu apresentou um documento com novas provas do crime.
Depois de uma breve discussão, ficou acordado que esse documento seria descartado.
Em conversa com a imprensa, as advogadas das vítimas, Jéssika Brito e Maiara Oliveira, disseram que a expectativa é positiva e que esperam que o réu seja condenado pela dupla tentativa de feminicídio e uma tentativa de homicídio em relação ao pai da vítima.
“Ele tem um perfil bem agressivo”, descreveu Maiara Oliveira. “É um perfil de homem em que todas as vítimas que ele fez tem maus antecedentes, já responde a sete processos de âmbito de violência doméstica. Então, ele já é um perfil de agressor. Todas as vítimas que passaram por ele, todas ex-namoradas, sofreram agressões”.
“Infelizmente, não tem outra forma de descrevê-la. Ela está psicológico e emocionalmente, muito abalada, principalmente porque teve que reviver todos os fatos para se preparar para o depoimento que vai realizar aqui no Plenário do Júri”, afirmou Jéssika Brito.
Por volta das 10h30, a sessão no Tribunal do Júri teve início. As vítimas não quiseram conversar com a imprensa. Jessika ainda contou que “fisicamente, Karol ainda encontra-se com muitas sequelas, as marcas ainda estão fisicamente visíveis no corpo dela, tanto as mordidas como as dez facadas que ela levou. Enfim, a família toda só solicita e espera que tenha justiça hoje”.
Acusação
Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o crime aconteceu após Bruno não aceitar o fim do relacionamento com a jovem. O empresário invadiu o apartamento onde ela morava com os pais e desferiu mais de 20 golpes de faca, de acordo com a denúncia.
O réu também é acusado de tentar matar o ex-sogro, que foi agredido e chegou a desmaiar, além da ex-sogra, que entrou em uma luta corporal com o agressor. O caso aconteceu no dia 15 de novembro de 2023. O julgamento está sendo presidido pelo juiz Otávio Ribeiro Pimentel, da 2ª Vara do Júri de Jaboatão.
O magistrado também atuou em outros casos de repercussão, como o de um assalto a ônibus que deixou um homem morto com um tiro na cabeça e um soldado do Exército baleado no rosto, em Jaboatão, em junho de 2021.
O juiz ainda foi responsável pela liberação da farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54 anos, e do filho dela, suspeitos de assassinar e ocultar o cadáver do médico Denirson Paes Silva, 54 anos, em julho de 2018.
Júri
Além do depoimento das vítimas, os sete jurados (três homens e quatro mulheres) devem ouvir duas testemunhas de acusação, uma delas de forma remota por morar em outro estado. Já a defesa técnica do réu convocou outras duas testemunhas para serem ouvidas.
No processo, a defesa pediu para que fossem anuladas as provas relacionadas a arma do crime, munições e roupas ensanguentadas, argumentando que houve irregularidades no manuseio desses itens. Também solicitou que o réu respondesse por lesão corporal grave – delito com pena mais leve do que homicídio.
Há possibilidade, ainda, de que os defensores do empresário apostem na tese de legítima defesa durante o julgamento.
Já a promotoria alega que Bruno de Albuquerque cometeu uma tripla tentativa de homicídio qualificado, além de posse irregular de arma de fogo de uso permitido. Para o MPPE, os crimes foram cometidos por razões de gênero, em contexto de violência doméstica e com recurso que dificultou a defesa das vítimas.