CINEMA
Bruna Linzmeyer, homenageada da 28ª Mostra de Tiradentes, reflete sobre o cinema brasileiro
Atriz revela que está escrevendo um longa rodado na sua cidade natal (Corupá - SC) e comenta sobre as indicações ao Oscar de 'Ainda Estou Aqui' e Fernanda TorresPublicado em: 25/01/2025 16:33 | Atualizado em: 26/01/2025 18:01
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Foto: André Guerra |
A 28ª Mostra de Cinema Tiradentes começou a movimentar a cidade histórica de Minas Gerais ontem, dia 24, e seguirá com sua programação intensa de filmes (longas, médias e curtas), debates, seminários e sessões abertas até 1º de fevereiro.
Homenageada desta edição, a atriz catarinense Bruna Linzmeyer, conhecida pela versatilidade de seus trabalhos na televisão e no cinema, conversou com a imprensa sobre a honra concedida pelo evento e o Diario, que estará presente na cobertura da Mostra nos próximos dias até a premiação, falou com ela a respeito dos desafios e complexidades do ofício da atuação.
Com 32 anos, Bruna trabalhou com diversos autores da cinematografia brasileira, entre eles Cacá Diegues (em O Grande Circo Místico), Neville D'Almeida (A Frente Fria que a Chuva Traz), Juliana Rojas (Cidade; Campo), Marcelo Caetano (Baby e o curta Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui), Anita Rocha da Silveira (Medusa) e Selton Mello (O Filme da Minha Vida).
No palco, ao receber a homenagem, a atriz destacou que, quando mais nova, não sonhava em ser atriz e famosa. "É difícil sonhar em ser atriz quando se vem de uma cidade tão pequena. Mas, apesar de ter crescido longe dos grandes centros, eu agradeço muito ter tido a vida que tive, porque foi o que formou meu olhar para o mundo, a maneira como eu lido com as pessoas, formou meu jeito de desejar as coisas", declarou. "Esse ofício demanda curiosidade, pesquisa, interesse pelo mundo e pelas pessoas. Pelo jeito que as pessoas se emocionam e escondem as emoções. Ser atriz requer um olhar atento para mim mesma, para o que eu carrego e que posso oferecer com ele".
Em coletiva realizada na tarde deste sábado (25), Bruna falou ao Diario sobre os desafios e complexidades da atuação. "Tem muita coisa no cinema que é difícil de fazer, desde a escrita, à fotografia, direção de arte e efeitos especiais, mas é, de fato, difícil sobretudo porque acontece o tempo todo, é um trabalho constante. É uma curiosidade que eu tenho que ter no meu dia a dia sobre as pessoas, sobre as histórias que elas contam", disse. "Uma personagem não é composta apenas na hora da pré-produção, ela é composta por tudo o que eu vivi até aqui e todo o meu interesse em usar essa memória. O que eu trago enquanto Bruna e o que não faz parte de mim é um processo bem grande de autoconhecimento que o ofício exige."
Durante a conversa, ao mencionar as dificuldades de outras áreas do cinema, ela revelou que está escrevendo o roteiro de um filme que se chamará Corupá, em referência à sua cidade natal, mas expôs apenas que se trata de uma trama de ficção e não deixou claro se também assinará a direção do longa.
Quando perguntada sobre o atual momento de festa do cinema brasileiro com as três indicações ao Oscar 2025 de Ainda Estou Aqui (Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Filme Internacional), Bruna ressaltou a beleza do senso de pertencimento do brasileiro quando vê sua cultura ser reconhecida. "É muito bonito e especial para nós ver um filme falado com nossa língua, com a Fernanda, uma atriz, que assisti tanto na televisão em Os Normais, e com uma história nossa também ganhar esse reconhecimento internacional. Mostra como é importante para nós a sensação de pertencimento e como o cinema é capaz de criar isso nas pessoas", afirmou.
Questionada sobre as suas próprias chances e de outras atrizes como ela no futuro, a partir dessa porta aberta por Torres para o Brasil, Bruna pontuou que o caso de Ainda Estou Aqui é bastante específico e demonstrou não ser otimista em relação a uma grande mudança no olhar estrangeiro por conta das nomeações.
"Pra você chegar no Oscar, não tem só que ser bom. Tem que ter muito dinheiro. Eu acho que é uma situação bastante específica e vejo como difícil isso vir a ocorrer de forma frequente. Não tenho essa expectativa com a indústria dos Estados Unidos terem um olhar diferente sobre nós a partir de agora. Eu reconheço nosso lugar de latino-americanos e acho que o importante é a gente ser a gente aqui mesmo, sem ficar esperando o olhar de fora", completou a atriz.