ARGENTINA

Milei demite chanceler após voto da Argentina a favor de Cuba na ONU

Milei repostou, na rede social X, uma publicação de uma deputada que dizia: "Orgulhosa de um governo que não banca e nem é cúmplice de ditadores"
Por: AFP

Publicado em: 30/10/2024 22:06

Presidente argentino, Javier Milei (foto: Oscar Del Pozo/ AFP)
Presidente argentino, Javier Milei (foto: Oscar Del Pozo/ AFP)

O presidente de ultraliberal argentino, Javier Milei substituiu sua chanceler, Diana Mondino, pelo embaixador do país em Washington, após a Argentina votar nesta quarta-feira (30), na ONU, contra o embargo imposto há décadas pelos Estados Unidos a Cuba, informou a presidência.

 

"O novo chanceler da República Argentina é o senhor Gerardo Werthein", o até então representante diplomático nos Estados Unidos, escreveu na rede social X o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.

 

Horas antes, na Assembleia Geral da ONU em Nova York, a Argentina havia apoiado uma resolução contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba, aprovada com 187 votos a favor, dois contra - Estados Unidos e seu aliado Israel, ambos próximos ao governo de Milei - e uma abstenção, da Moldávia.

 

O gabinete do presidente emitiu um comunicado que afirma que a Argentina "se opõe categoricamente à ditadura cubana e se manterá firme na promoção de uma política externa que condene todos os regimes que perpetuam a violação dos direitos humanos e das liberdades individuais".

 

A Argentina "defenderá os mencionados princípios em todos os fóruns internacionais dos quais participa e o Poder Executivo iniciará uma auditoria do pessoal de carreira da Chancelaria, com o objetivo de identificar promotores de agendas inimigas da liberdade", acrescentou o texto, referindo-se ao fato de que a chanceler havia "apresentado sua renúncia".

 

Milei repostou uma publicação de uma deputada que dizia: "Orgulhosa de um governo que não banca e nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLibre".

 

 

Destino selado

 

A Argentina vota historicamente na ONU contra o embargo econômico promovido pelos Estados Unidos à ilha, como fez também nesta ocasião.

 

A imprensa local informou, citando fontes anônimas da chancelaria, que não era conveniente para o país se pronunciar contra Cuba, pois os votos da ilha e seus aliados seriam necessários em futuros pedidos ao Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.

 

Milei havia destituído há duas semanas o embaixador argentino na ONU, Ricardo Lagorio, e enviado uma carta ao corpo diplomático instando-o a se alinhar com a política externa do governo.

 

A chanceler Mondino "já tinha muita interferência na chancelaria", disse à AFP o analista político Carlos Fara, que considerou que "é inexplicável que tenha havido falta de coordenação" na votação na ONU e que o destino de Mondino já estava selado no gabinete.

 

Nos últimos meses, a ex-chanceler não participava das atividades de Milei no exterior, nas quais ele era acompanhado por sua irmã, Karina Milei.

 

"E ficou claro um fato: Werthein é quem definia a agenda internacional de Milei", apontou Fara.

 

Werthein, o sucessor de Mondino à frente da diplomacia argentina, é empresário e também vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional, tendo presidido o Comitê Olímpico Argentino entre 2009 e 2021, antes de ser nomeado por Milei embaixador do país sul-americano nos Estados Unidos.

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