Pesquisa do Unicef

Meninas têm sete vezes mais risco de estupro do que meninos no Brasil, diz estudo

Segundo a pesquisa, foram registrados ao menos 63.430 estupros contra crianças e adolescentes no ano passado

Publicado em: 13/08/2024 15:48 | Atualizado em: 13/08/2024 16:03

Número de estupros de meninas é maior do que o de meninos  (Foto: Arquivo)
Número de estupros de meninas é maior do que o de meninos (Foto: Arquivo)
Uma menina, com idade entre 0 e 19 anos, corre sete vezes mais risco de ser vítima de estupro do que um menino da mesma faixa etária no Brasil, de acordo com Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 

A constatação consta no estudo “Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil”, divulgado pelas entidades nesta terça-feira (13), que levantou 169.199 registros policiais no País, no período entre 2021 e 2023.

Segundo a pesquisa, foram registrados ao menos 63.430 estupros contra crianças e adolescentes no ano passado – o que equivale a um caso a cada oito minutos e representa um aumento de 17,6% em relação às 53.906 ocorrências de 2022. Já em 2021, haviam sido 46.863 registros.

Na maior parte dos casos, a vítima tem entre 10 e 14 anos, o crime acontece dentro de casa e o autor é uma pessoa conhecida, de acordo com o estudo. 

“O Estado precisa investir em educação sexual e oferecer espaços para proteger essas crianças e defendê-las de seus agressores”, analisa a socióloga Samira Bueno, diretora executiva do FBSP.

Entre as vítimas, 87,3% são mulheres. É essa diferença que faz com que a taxa do crime por 100 mil habitantes chegue a 144,2 para crianças e adolescentes brancas do sexo feminino. Para as meninas negras, o valor cai um pouco para 121,3 casos.

Já em relação aos meninos, esses indicadores são, respectivamente, de 23,7 e de 17,2 estupros por 100 mil. “Sem considerar cor/raça, portanto, uma menina que possui entre 0 e 19 anos tem 7 vezes mais risco de ser vítima de um estupro do que um menino na mesma faixa etária”, constata o estudo.

Os pesquisadores também alertam que os dados apresentam subnotificações, uma vez que o levantamento depende de informações oficiais fornecidas pelos governos estaduais. No caso de Pernambuco, os registros de estupro contra crianças e adolescentes nos anos de 2021 e 2022 não foram repassados aos pesquisadores.

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