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ELEIÇÕES ITALIANAS

Disputa por vaga no Senado da Itália vira teste para Lula e Bolsonaro

Publicado em: 15/08/2022 19:37

 (Foto: Gregorio Borgia / AFP)
Foto: Gregorio Borgia / AFP
As próximas eleições da Itália, marcadas para 25 de setembro, podem ter uma prévia do que será a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro. A briga se dará, precisamente, no Senado italiano. Os cidadãos da país europeu que vivem na América do Sul terão direito de eleger um senador para representá-los no Parlamento. Dois nomes estão na briga: o ex-embaixador Andrea Matarazzo, 65 anos, do Partido Socialista Italiano (PSI), que integra a coligação liderada pelo Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, simpático a Lula, e o ex-piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi, 75, que vai concorrer pela legenda de extrema direita Irmãos da Itália, cuja líder, Giorgia Meloni, segundo as pesquisas, deve ser apontada como primeira-ministra. Assim como Bolsonaro, ela tem como lema “Deus, pátria e família” e é admiradora do ex-ditador Benito Mussolini.

Historicamente, as vagas de senadores sempre ficam com representantes da Argentina, que tem o dobro do Brasil de cidadãos italianos com direito a votos na Itália: são mais de 800 mil contra 430 mil. No último pleito, no entanto, um dos eleitos para o Senado — eram dois, mas o Congresso italiano reduziu à metade do número de vagas tanto para o órgão quanto para a Câmara — acabou perdendo o mandato acusado de fraudar os votos, que são impressos. Tanto Matarazzo quanto Fittipaldi acreditam que podem reunir apoio na região para garantir o cargo de senador no país europeu.

A Itália tem enfrentado, nas últimas décadas, forte instabilidade política. O atual primeiro-ministro, Mário Draghi, renunciou ao posto, em 21 de julho, depois de se sentir traído pela coligação, o Movimento 5 Estrelas, que o levou ao poder. Segundo as regras do país, quando o bloco governista perde a maioria do Parlamento, as eleições gerais são antecipadas para definir uma nova maioria no Legislativo que irá formar o governo. Desta vez, tudo indica que a extrema direita ascenderá ao poder, com Meloni sendo a primeira mulher a chefiar o governo.

Repressão à imigração

Em entrevista ao Correio, Matarazzo disse que não vê uma Itália radicalizada caso o Giorgia Meloni seja a escolhida como primeira-ministra. “Ela não é eurocética, mas não tão radical”, afirma. A bloco conservador que dá suporte ao partido de Meloni, os Irmãos da Itália, é formado pelo Liga, de Matteo Salvini, político muito próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pelo Força Itália, do notório Silvio Berlusconi, que, aos 85 anos, deve ser eleito senador. Entre os principais pontos do programa de governo desse grupo estão à repressão à imigração e a redução dos programas sociais — o renda cidadã deve ser extinto.

A chapa de Matarazzo é composta pelo argentino Fábio Porta, do centro democrático, que tentará mais um mandato de deputado na Câmara. Do lado de Fittipaldi, o candidato será Luis Roberto Lorenzato, do Liga do Norte, legenda de direita, também candidato à reeleição. Na Itália, Fittipaldi afirmou estar muito feliz em concorrer ao Senado italiano e que tem várias propostas nas áreas de esportes e cultura desenhadas com o objetivo de promover ações ligadas aos brasileiros em terras italianos. Ele ressaltou ainda esperar o apoio dos cidadãos italianos do Brasil e de toda a América do Sul. O ex-campeão de Fórmula 1 é neto de italianos e o pai, Wilson, conhecido por Barão, tinha cidadania europeia.

Andrea Matarazzo é herdeiro de uma das famílias mais tradicionais do país. Seu ti-avô, Francesco Matarazzo, foi considerado um dos homens mais ricos do mundo. O bisavô, que tinha o mesmo nome do político brasileiro, lutou por dois anos na guerra na Itália, entre 1914 e 1916, recebendo do rei Vittório Emanuele o título de senador vitalício. “Estou muito feliz por atender ao chamado da comunidade italiana do Brasil para ser seu candidato ao Senado da Itália”, ressaltou. Entre seus projetos estão o incremento dos negócios do país europeu com o Brasil e o incentivo à migração de jovens italianos nascido no Brasil para a terra de seus antepassados.

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