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ASSASSINATO DOM E BRUNO

Comissão do Senado vai pedir a federalização do caso Dom e Bruno

Publicado em: 06/07/2022 20:17

 (Foto: Ed Alves/CB)
Foto: Ed Alves/CB
A comissão temporária que investiga os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, no dia 5 de junho, aprovou, nesta quarta-feira (6), o relatório feito na semana passada sobre a diligência em Atalaia do Norte e Tabatinga, ambas no Amazonas. A comissão vai pedir à Justiça Federal e ao Ministério Público a federalização das investigações.

O colegiado também defenderá que a apuração sobre o assassinato do funcionário da Funai Maxciel Pereira, em 2019, sejam anexados à investigação, assim como dados sobre as ameaças relatadas desde o início do ano no Vale do Javari, onde ocorreram as mortes do indigenista e do jornalista. 

Segundo o vice-presidente do colegiado, Fabiano Contarato (PT-ES), que assumiu a relatoria após Trad apresentar sintomas de covid-19, a comissão está atenta, especialmente, à eventual coordenação de mandantes das mortes de Dom e Bruno.

“Há uma gritante ausência do Estado brasileiro na região, cuja economia é em grande parte dominada pelo poder do tráfico de drogas e da exploração ilegal dos recursos naturais das terras indígenas, como minerais, madeira, pescado e caça. O crime exerce um controle de fato sobre as atividades, que envolvem o financiamento de expedições, cujos elevados custos com combustível, embarcações, mantimentos e outros insumos são demasiadamente caros para que possam ser suportados pelos humildes habitantes daquele local. Mesmo a morte e o ocultamento dos corpos e pertences de Dom e Bruno envolveram os esforços de várias pessoas, o que desperta um justificado receio de que tenha havido coordenação e um mandante”, afirmou Contarato.

Na próxima semana, a comissão vai se reunir com familiares de Bruno e Dom e com o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico, indicado para a investigação do caso.

O presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que os senadores constataram pessoalmente o abandono do Vale do Javari pelo Estado brasileiro. Uma situação que traduz, segundo ele, uma política deliberada do atual governo de desmonte das estruturas de fiscalização na Amazônia.

“Ficamos particularmente impressionados com as ameaças que existem aos povos indígenas isolados e aos povos indígenas como um todo. O Estado, por opção, deixou de existir no Vale do Javari. Não existe Ibama, os indigenistas são ameaçados, o contingente da Polícia Federal é pequeno. A Amazônia foi liberada para todos os tipos de crimes, foi entregue a criminosos”, afirmou Randolfe.
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