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CONFLITO

Bucha, cidade ucraniana devastada, da vitória à reconstrução

Por: AFP

Publicado em: 04/07/2022 09:58

 (Foto: MIGUEL MEDINA / AFP)
Foto: MIGUEL MEDINA / AFP
A calma retornou a Bucha. As pessoas fazem compras e alguns moradores conversam diante de um pequeno mercado que vende framboesas e cerejas. Perto, um casal passeia com um carrinho de bebê e um adolescente anda de patins.

Três meses se passaram desde a descoberta, em 2 de abril, de corpos de civis mortos na rua Yablunska, os primeiros indícios das atrocidades cometidas durante a ocupação russa neste subúrbio ao noroeste de Kiev - Bucha, Irpin, Borodianka -, antes conhecido pela tranquilidade.

Os estigmas dos combates são visíveis em todos os cantos: vidros quebrados, marcas de tiros, buracos nos muros. Ao longo da avenida Vokzalnaya, que liga Bucha a Irpin, imóveis foram destruídos ou ficaram muito danificados: casas, prédios residenciais, lojas e centros comerciais.

Os subúrbios da capital viraram símbolo da brutalidade da invasão russa da Ucrânia e um local de peregrinação para todos os líderes ocidentais que visitam o país.

"Vamos reconstruir tudo", prometeu o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, em 16 de junho em Irpin, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz.

Líderes de vários países e organizações internacionais se reúnem nesta segunda e terça-fera em Lugano, Suíça, para traçar o roteiro do "plano Marshall" que deve acelerar a reconstrução da Ucrânia, uma tarefa que pode custar centenas de bilhões de dólares.

"Nenhuma informação"
 
Por onde começar? Katia Yolshina, de 66 anos, mostra dois grandes buracos nas paredes do apartamento onde mora há 20 anos no oitavo e último andar de um prédio que não é, no entanto, um dos mais afetados.

"O síndico (do imóvel) nos disse para preencher alguns formulários e que nos dariam dinheiro. Mas desde então ele está ausente e não temos nenhuma informação", disse a mulher, que retornou a Bucha no início de maio, após seis semanas longe de casa.

"O que receberemos e quando receberemos? Não sei de nada", acrescenta, tentando conter as lágrimas.

De fato, a reconstrução não parecer ser, no momento, a maior preocupação dos moradores de Bucha. Muitos destacam que, apesar da calma ter retornado à região de Kiev, a guerra não dá trégua em outras áreas da Ucrânia, como por exemplo no leste e sul do país. E o medo de uma nova ofensiva russa está na mente de todos.

Nos últimos dias aumentaram os boatos de um ataque iminente a partir de Belarus, cuja fronteira fica 100 quilômetros ao norte. 

Os temores são alimentados por declarações do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, principal aliado de Vladimir Putin, que no sábado acusou a Ucrânia de lançar mísseis contra seu país e ameaçou responder.

"É aterrorizante", confessa Nadezhda Stenenkova, de 75 anos. "Agora tudo está bem, está tranquilo, mas ainda temos medo de que eles (os russos) voltem, porque não estão longe e continuam destruindo cidades (...) Não podemos sentir paz, os 'fascistas' russos podem voltar a qualquer momento", disse.

"Nós deitamos sem saber se vamos acordar amanhã", conta Vera Semeniuk, uma aposentada de 65 anos. "Todos voltaram e estão começando a reparar as casas, muitos estão colocando janelas novas. Seria terrível se voltasse a acontecer e tivéssemos que deixar tudo de novo".

"Certamente esperamos que os países estrangeiros nos ajudem a reconstruir", afirma. "Mas nossa principal esperança é que nossos militares conquistem a vitória com o apoio e as armas enviadas do exterior".
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