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ESTADOS UNIDOS

Americanas se preparam para o que virá após decisão sobre o aborto

Por: AFP

Publicado em: 07/07/2022 10:47

 (Foto: JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP)
Foto: JUSTIN SULLIVAN / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de revogar o direito ao aborto em nível federal aumentou a pressa em um país onde o acesso a esse procedimento será proibido em muitos de seus estados. 

As buscas na internet por "controle de natalidade", "DIU (Dispositivo Intrauterino)" e até "esterilização médica" dispararam, enquanto as farmácias tiveram que limitar as compras da chamada "pílula do dia seguinte" para atender a demanda. 

Três mulheres conversaram com a AFP sobre seus planos, enquanto as batalhas legais contra as leis antiaborto acontecem em vários estados do país.

Armazenar pílulas
 
Quando a Suprema Corte revogou no mês passado a sentença de 1973 que legalizou o aborto em todo o país, deixando a decisão para os estados, Sarah Kratzer teve medo que o Texas fosse além da proibição do aborto e também dificultasse o acesso à pílula do dia seguinte.

Restringir o planejamento familiar ou o uso da pílula do dia seguinte parece muito distante, mas as pessoas temem que aconteça.

Dona de casa de 39 anos, Kratzer vive em San Antonio, Texas, o estado do sul que possui algumas das leis antiaborto mais rígidas do país. Ela disse à AFP que começou a estocar pílulas anticoncepcionais de emergência em maio, depois que o projeto de decisão da Suprema Corte vazou.

Recebeu três caixas gratuitas em uma manifestação local como parte dos protestos nacionais "Bans Off Our Bodies", que ela participou com uma de suas filhas. E encomendou várias extras em um Walmart.

Embora Kratzer não possa mais ter filhos por motivos de saúde, guardou as pílulas do dia seguinte para suas três filhas, de 15, 19 e 20 anos. Também comprou testes de ovulação e gravidez. 

"Elas ainda têm o direito de decidir 'Sim, eu quero esse bebê' ou 'Não, eu não quero'", comentou.

As pílulas anticoncepcionais de emergência duram de três a quatro anos, e Kratzer espera que durem até que os Estados Unidos restabeleçam o direito ao aborto, embora isso seja improvável.

DIU e esterilização
 
Kayla Pickett está preocupada com outros direitos além do aborto. "Não se sabe o que mais vão fazer", disse a estudante de enfermagem à AFP.

Ela e o namorado moram em Akron, Ohio, um estado que proibiu o aborto após seis semanas de gestação. Pickett, de 22 anos, e seu namorado de 21 planejam se mudar para o Colorado no ano que vem e depois para o exterior

"Somos afro-americanos. Queremos estar em um estado em que tenhamos direitos e saibamos que ficaremos bem se algo acontecer", explica.

"Assim que estivermos financeiramente estáveis, planejamos deixar os Estados Unidos", acrescentou. 

Enquanto isso, como tantas outras mulheres, Pickett correu para colocar DIU, uma decisão que ela tomou depois que o projeto de decisão do tribunal superior vazou em maio. 

Pickett usava pílulas anticoncepcionais desde os 15 anos, mas queria mudar para algo de longo prazo, caso Ohio tentasse tornar o controle de natalidade difícil ou ilegal. 

O DIU dura cerca de cinco a 10 anos antes de precisar ser substituído.

Quando Meagan McKernan soube da revogação do direito ao aborto, sentiu terror e raiva, mas também "puro alívio" por ter uma estratégia.

McKernan, de 33 anos, que trabalha para uma empresa de leilões online, já iniciou o processo de ligamento da trompas porque não quer ter filhos. 

Sua consulta pré-operatória será em 9 de julho. Ela levou um susto de gravidez no início de maio, mais ou menos nas mesmas datas em que vazou o rascunho com o parecer da Corte, e lembra que se sentiu "aterrorizada".

"O fato de que minhas decisões possam ser ainda mais limitadas me aterroriza", disse à AFP. "Preciso de uma solução permanente para não me sentir assim novamente".

McKernan admite estar nervosa com a esterilização, mas também animada que seu ginecologista concordou. 

Ele reconheceu que é um "privilégio" ter flexibilidade financeira para se submeter à operação, que pode custar até US$ 6.000, e morar em Connecticut, um estado onde a laqueadura voluntária está disponível.
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