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DIPLOMACIA

Presidente da China alerta para risco de confronto global

Publicado em: 18/01/2022 07:30

 (Foto: Fabrice Coffini/AFP)
Foto: Fabrice Coffini/AFP
Em uma defesa do multilateralismo e da globalização, o presidente da China, Xi Jinping, aproveitou o discurso, durante sessão virtual do Fórum Econômico Mundial, para advertir sobre "consequências catastróficas" no caso de um confronto entre potências. Xi rejeitou a "mentalidade da Guerra Fria", no momento em que aumenta a tensão entre a própria China, os Estados Unidos, a Rússia e países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

As crises envolvendo a Ucrânia e Taiwan, as disputas comerciais sino-americanas, os testes com mísseis por parte da Coreia do Norte e o programa nuclear iraniano deixam o planeta em suspense. "Nosso mundo está longe da tranquilidade. A retórica que alimenta o ódio e o preconceito são abundantes", declarou o chinês. "A história provou repetidas vezes que a confrontação não resolve problemas, apenas provoca consequências catastróficas. (...) Piores ainda são as práticas de hegemonia e de bullying, que vão contra a maré da história", acrescentou. 

De acordo com Xi, a globalização econômica é "a tendência dos tempos". "Embora as correntes contrárias certamente existam em um rio, nada pode impedi-lo de fluir para o mar", comparou. O presidente chinês assegurou que, "apesar das contracorrentes e dos perigosos baixios ao longo do caminho, a globalização econômica nunca se desviou e jamais sairá de seu curso". Xi disse que os países "deveriam defender o verdadeiro multilateralismo" e adotou um tom conciliador. "Devemos remover barreiras, não erguer muros. Devemos buscar a integração, não a dissociação", aconselhou. 

Ainda segundo Xi Jinping, "os fatos têm mostrado que, em meio às torrentes furiosas de uma crise global, os países não viajam separadamente em cerca de 190 pequenos barcos, mas, sim, em uma embarcação gigante, da qual depende o nosso destino compartilhado".

Xi convidou o mundo a fazer o necessário para "limpar a sombra da pandemia (da covid-19) e impulsionar a recuperação e o desenvolvimento socioeconômico, para que o brilho da esperança ilumine o futuro da humanidade".
 
Ucrânia, Coreia e Irã
Na tentativa de debelar a crise envolvendo Rússia, Ucrânia e Ocidente, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, desembarcou em Madri, onde advertiu que "uma agressão militar contra Kiev teria consequências muito graves, tanto políticas quanto econômicas para Moscou". Pelo menos 100 mil soldados russos estariam estacionados na fronteira com a ex-república soviética, a espera de uma invasão. Em claro aceno de apoio à Ucrânia, a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, visitou Kiev e prometeu que fará "todo o possível para garantir a segurança do país e da Europa". Ela classificou a situação como "extremamente perigosa" e deu a entender que o gasoduto Nord Stream 2, que liga os poços da Rússia à Alemanha, poderia sofrer retaliações. 

Especialista do Conselho Europeu sobre Relações Exteriores (CEFR), em Berlim, Gustav C. Gressel afirmou ao Correio que, ainda que não seja inevitável, uma invasão russa à Ucrânia é "muito provável". "O Kremlin acredita em sua própria propaganda sobre a Rússia ser 'um só povo'. Os russos estão muito confiantes de que sanções econômicas inespecíficas e um reforço militar no flanco oriental da Otan não os prejudicarão. As forças norte-americanas seriam retiradas do leste da Europa e movidas para o Pacífico, depois de algum tempo. As sanções econômicas seriam diluídas por interesses econômicos especiais na Europa", previu.

Também ontem, a Coreia do Norte lançou dois supostos mísseis balísticos — o quarto teste de armamentos desde o começo do ano. Os dois "mísseis balísticos de curto alcance foram lançados de um aeroporto perto de Pyongyang e percorreram 380km a uma altitude de 42km", de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul. Em uma demonstração de irritação, os Estados Unidos pediram que os norte-coreanos, aliados da China, "cessem suas atividades ilegais e desestabilizadoras".

Outro ponto de tensão, o Irã afirmou que a retomada do acordo nuclear depende de "decisão política" dos EUA. "Ainda há questões importantes relacionadas a decisões políticas concretas, em particular a decisão de Washington de suspender as sanções", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Said Khatibzadeh. Em outubro passado, Teerã anunciou que firmaria um acordo de cooperação estratégica com a Rússia. Tal parceria havia sido firmada com a China.
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