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Foto: Divulgação |
Após quatro dias no hospital, Roberta, mulher trans que teve 40% do corpo queimado, foi extubada nesta segunda-feira (28), no Hospital da Restauração, região central do Recife. A informação foi confirmada pela unidade hospitalar, onde a paciente está internada desde a madrugada da quinta-feira após ser brutalmente atacada por um adolescente, que ateou fogo em seu corpo, no Cais de Santa Rita.
Segundo o hospital, Roberta, de 33 anos, saiu da sala de recuperação e foi transferida para um leito de terapia intensiva, tendo em vista a gravidade dos ferimentos causados em seu corpo. Apesar do monitoramento, o quadro clínico da paciente permanece grave.
No último sábado (26), ela foi intubada, passou por uma cirurgia e teve o braço esquerdo amputado. Ainda de acordo com o HR, o braço direito, parte do tórax e abdômen também foram algumas das partes mais afetadas do corpo da vítima.
O crime, cometido na madrugada da quinta-feira (24), nas proximidades do Cais de Santa Rita, no Centro do Recife, está sendo enquadrado pela polícia como "ato infracional análogo a homicídio doloso tentado". O adolescente capturado pela polícia, após tentativa de fuga, foi autuado em flagrante e levado para a Unidade de Atendimento Inicial (Uniai), da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).
De acordo com a co-deputada estadual pelo mandato coletivo das Juntas, Robeyoncé Lima, a família da vítima está ciente da situação e acompanha o caso.
Violência desenfreada
Casos como os de Roberta Silva não são os primeiros a serem vistos na sociedade. Pelo contrário. A violência contra os corpos travestis e trans se relacionam, também, com as violências de gênero que se perpetuam há séculos no país. De acordo com a ONG Trangender Europe (TGEU), que monitora 71 países, o Brasil se mantém no topo das nações que mais matam travestis e transexuais no mundo.
Já o relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) traz que o país teve 175 assassinatos de pessoas trans em 2020, o que representa uma morte a cada dois dias. Para pessoas em situação de rua, como é o caso de Roberta, a exposição e segurança precarizada são elementos fundamentais que contribuem para que esses corpos continuem ocupando um espaço de extrema vulnerabilidade social.
Manifestação
O mês de junho é dedicado à conscientização e visibilidade às lutas diariamente enfrentadas pela população LGBTQIA+ ao redor do mundo. No Recife, movimentos sociais e representações progressistas se reuniram, nesta segunda-feira (28), em frente ao Palácio do Campo das Princesas, para reivindicar políticas públicas e garantia plena de direitos à comunidade.
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Foto: Marconi Meireles/Cortesia |
"Em pleno mês do Orgulho LGBTQIA , a gente tem a brutalidade de uma companheira que teve 40% do seu corpo incendiado numa extrema violência. A gente está aqui reivindicando os nossos direitos que estão sendo constantemente negados. Não somente o direito a vida [...], mas também ao direito a uma cidadania plena", comentou a co-deputada estadual, Robeyoncé Lima.