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CELEBRAÇÃO

Dia do Baobá: árvore que mantém viva parte da identidade do Recife

Publicado em: 19/06/2021 09:00

 (Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press)
Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press
Ancestralidade. Palavra que entre tantos significados, se refere ao aparecimento, num indivíduo, de caracteres pertencentes a gerações anteriores. O substantivo, no entanto, vai além da etimologia. Neste sábado (19), é comemorado o Dia do Baobá. A árvore, originária de países do Continente Africano, mais do que compõe o cenário de bairros históricos do Recife, sendo parte da construção identitária do povo pernambucano.

O Baobá é símbolo de resistência da população negra do Brasil. Conforme o escritor e jornalista Laurentino Gomes retrata nas pesquisas para o lançamento de um dos volumes do livro "Escravidão", existe uma estrada em Ouidah, localizada na República do Benim, na África Ocidental, que é conhecida como a rota dos escravos. Ao lado da estrada, tinha um Baobá, que também era conhecido como "Árvore do Esquecimento". Antes de subirem no navio negreiro, os homens "vendidos" davam nove voltas ao redor da árvore e as mulheres, sete. Na crença deles, esse era um ritual que os fazia esquecer o passado para irem em busca de um novo caminho, nesse caso, de forma forçada. 

Em outros locais do Continente Africano, o Baobá é chamado de "árvore mãe", por possuir elementos nutritivos à sobrevivência humana, tanto no que se refere a produção de alimentos quanto a medicamentos.

Entre as tantas representações que cercam a existência da árvore, o Baobá carrega um legado inseparável do passado de extrema violência contra os povos negros, ironicamente servindo de alento à memória dos que foram trazidos ao país. Já no mundo imaginário, surgem histórias de que o francês Saint Exupéry, autor do livro O Pequeno Príncipe, conheceu o baobá localizado na Praça da República, em frente ao Palácio do Campo das Princesas, e que a árvore possivelmente serviu de inspiração para uma das ilustrações do livro.

Com troncos robustos, visto que consegue armazenar litros de água, a árvore também dá nome a um dos jardins da Capital pernambucana, localizado no bairro das Graças, na Zona Norte da cidade.  De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente do Recife, existem mais de 150 Baobás no município, sendo 13 tombados pela prefeitura e catalogados no cadastro de árvores tombadas.

"Essa condição de árvore tombada já é uma medida protetiva adotada pela PCR. O tombamento é um instrumento de preservação de espécimes vegetais de porte arbóreo, significativos no contexto urbano por sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes". Nesse sentido, para além da proteção ambiental, preservar os Baobás da cidade é um símbolo de proteção à memória e cultura local. 

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