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Ministério falha e ao menos três estados só terão vacina na terça-feira

Publicado em: 18/01/2021 21:35

 (Foto: José Dias/PR)
Foto: José Dias/PR
Após pressão de governadores, a antecipação do início da vacinação contra a Covid-19 feita pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, começou com atraso na distribuição de doses da CoronaVac. Marcada para começar às 17h desta segunda-feira (18), a vacina ainda não chegou a todos os estados. A previsão é de que ao menos três recebam suas doses só na terça-feira: Rondônia, às 8h de terça-feira; Acre, cuja previsão é entregar às 3h50; e Amapá, com horário previsto para chegada do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) à 1h.

Até a publicação desta reportagem, apenas 14 estados haviam recebido doses: Tocantins, Piauí, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Amazonas. São Paulo já estava com as 1,4 milhão de doses que lhe cabe, do total de 6 milhões de que o país dispõe.

O atraso provocou constrangimentos entre os governadores, que tiveram que adiar o início da vacinação contra Covid-19 para terça-feira. Foi o caso do Rio Grande do Norte. A governadora Fátima Bezerra (PT) definiu que o ato simbólico para início da imunização ficou para esta terça-feira (19), às 10h. No Pará, a previsão inicial de entrega era nesta segunda (18), às 15h40, mas passou para as 23h.

"Inaceitável"

O governador Helder Barbalho (MDB), que chegou a anunciar que a vacinação começaria ontem, teve que se retratar mais tarde. “Lamento profundamente. É inaceitável que o ministério nos informe um horário e acabou nos levando a transmitir a informação para a população e para a imprensa”, disse. O governador passou o início da imunização para esta terça (19), às 7 horas.

Conhecido por ser especialista em logística, o ministro Pazuello afirmou que o atraso na distribuição foi motivado pela mudança no cronograma de entregas que seria realizado ao longo do dia. “Nós tínhamos a previsão de fazer toda a logística hoje (18) e os estados fazerem amanhã (19) para os municípios e, a partir daí, a gente iniciar a campanha na quarta-feira. Os governadores, em comum acordo, me solicitaram que eu acelerasse ao máximo a distribuição que eles começassem imediatamente ainda hoje”, disse.

Assim, de acordo com ele, o que havia sido planejado teve que ser “encurtado” para atender ao pedido dos governadores. “Você imagina a mudança da logística para 26 estados num país continental. Aeronaves, planos de voo, novas aeronaves contratadas. Em alguns casos, uma aeronave pequena, que não pode levar numa perna só, tem que fazer dois voos. A aeronave grande, que faria um voo só, só iria chegar de noite. Então, você fraciona, entrega a primeira parte para iniciar e na sequência chega com a segunda parte”, justificou.

Corrida

O uso emergencial da CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, foi aprovado pelo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último domingo. Também foi dada autorização para o uso emergencial da vacina de Oxford/Astrazeneca, que no Brasil será produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Minutos após a aprovação, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciou a imunização no estado. Diante da pressão dos outros governadores, e do início da imunização por Doria, Pazuello decidiu antecipar o “dia D” da vacinação para esta segunda-feira, às 17h, mas foi frustrado pelos problemas de logística.

O início da vacinação pelas mãos de Doria foi uma grande derrota ao governo federal. No domingo, Pazuello criticou Doria, falando em "jogada de marketing" com a vacina e dizendo que a imunização precisa ser de forma igualitária, "sem deixar nenhum brasileiro para trás".

Pazuello voltou a fazer referência ao tucano nesta segunda-feira, ao ressaltar que o início da imunização em uma mesma data e horário demonstra um "trabalho em conjunto". "Tudo isso demonstra que a nossa lealdade federativa está mantida. Isso é um conceito jurídico, os senhores conhecem mais do que eu. O que depender do Ministério da Saúde, nós vamos cumprir rigorosamente o que for combinado, em nome da nossa ética e palavra", afirmou.
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