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MÚSICA

Álbum solo de Luciano Magno capta essência da guitarra nordestina

Publicado em: 20/01/2021 13:21

 (Foto: Eladio Ferreira/Divulgação)
Foto: Eladio Ferreira/Divulgação


A formação musical do multi-instrumentista Luciano Magno começou ainda em Paulo Afonso, no interior da Bahia, ouvindo o acordeon do pai. Com o início do Rock in Rio, evento que impactou a juventude oitentista, iniciou o seu fascínio pela guitarra. O baiano veio morar no Recife aos 16 anos, inicialmente para estudar engenharia civil, mas logo enveredou para a música e absorveu a rítmica sincopada do frevo, que se somou ao choro e ao baião. Juntamente com as influências do jazz, a execução de Magno dá vida a uma guitarra precisamente nordestina. Após diversos álbuns de estúdio, alguns deles em duo ou trio, o artista de 49 anos agora lança um décimo disco que se diferencia de todos os outros. O título do projeto entrega a razão da singularidade: SOLO.

Luciano Magno apresenta as faixas em guitarra acústica, sem o acompanhamento de qualquer outro músico. Tudo foi gravado em uma única sessão no Fábrica Estúdios, no Recife, iniciando pela tarde e adentrando a noite. Esse detalhe parte da necessidade de captar o som mais puro possível da guitarra, mantendo um mesmo posicionamento do microfone. SOLO é um disco ritmista, que capta a essência dessa guitarra regional, com músicas que foram criadas durante o período de distanciamento social da pandemia. O álbum estará disponível nas plataformas de streaming nesta quinta-feira (21) - também no Bandcamp, caso os fãs queiram comprar a mídia digital. Luciano fará um live em seu canal do YouTube no dia 28 de janeiro, às 21h, nos mesmos moldes musicais e visuais do disco.

"A minha guitarra tem um olhar cuidadoso para ritmos que formam a base da música popular brasileira, passando por choro, bossa nova, baião, frevo, além das influências fortes do jazz. Esse novo disco vem para sintetizar isso tudo com uma maneira de tocar solo, sem os recursos que temos ao contar com outros músicos", diz Luciano Magno, que tem 30 anos de carreira, embora o seu primeiro álbum solo tenha sido lançado em 2000, intitulado Liberdade, que contou com participações de Naná Vasconcelos, Dominguinhos e Heraldo do Monte. Ele também já trabalhou ao lado de outros nomes consagrados como Alceu Valença, Hermeto Pascoal e Moraes Moreira.

Essa empreitada ousada para um disco instrumental solo se tornou possível através da parceria com o selo Boa Vista Jazz Records, que surgiu durante a pandemia para fomentar a produção de novas obras discográficas, além de pesquisa, organização e reflexão crítica da música instrumental e jazzística feita em Pernambuco. Esse é o terceiro disco associado ao selo, após o Mongiovi Trio (2020) e o relançamento de Summertime (1987), do grupo Contrabanda, tido como o primeiro álbum de jazz totalmente produzido no estado.

 (Foto: Eladio Ferreira/Divulgação)
Foto: Eladio Ferreira/Divulgação


Os títulos das faixas de SOLO revelam esse teor de homenagem do disco: Um alô pro Menesca, Beberibe waltz, Baião pra Luiz e Chorinho pro Dominguinhos são alguns exemplos. Esquentadinho (Homenagem a Moraes Moreira) é uma nova versão para um frevo-canção criado por Magno, que venceu o concurso de música carnavalesca promovido pela Prefeitura do Recife em 2009 e, em seguida, ganhou parceria de seu conterrâneo, falecido em 2009.

"Foi muito interessante quando cheguei ao Recife, porque o frevo tem uma rítmica muito interessante, efervescente, que exige muito do solista e da parte técnica para tocar com propriedade. Todas as articulações, a síncope, é um ritmo muito sincopado. O frevo foi muito importante na minha formação, assim como o baião", afirma o artista, que em 2011 também se destacou no Festival de Música Carnavalesca do Recife ao levar o primeiro lugar na categoria frevo de rua (instrumental) com Pisando em brasa.

As faixas autorais de SOLO se encontram com Recife cidade lendária, uma releitura instrumental em violão nylon do clássico de Capiba, já interpretado por Chico Buarque e João Gilberto. Exceto essa homenagem ao frevista e Fantasias noturnas, as demais canções são todas em guitarras acústicas. "Eu também fiz algumas releituras de músicas minhas que foram construídas para execuções com uma formação maior. Acabei modificando os arranjos para possibilitar essa relação de estar sozinho com a guitarra."

Pela sua contribuição à música pernambucana, Luciano Magno recebeu o título de Cidadão de Pernambuco em sessão solene na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em março de 2012. "Me dediquei como qualquer músico que deseja se aprofundar, que sente essa necessidade de ter uma visão ampla e não uniforme sobre a música brasileira, também sabendo o que está rolando no mundo. Tem que beber bastante desse caldeirão."

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