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Desemprego em PE chega a 18,8% e iguala pior média histórica

Publicado em: 27/11/2020 11:23 | Atualizado em: 27/11/2020 16:08

 (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
A taxa de desocupação em Pernambuco alcançou 18,8% da população na força de trabalho de 14 anos ou mais de idade no terceiro trimestre de 2020. Essa porcentagem está empatada com a do segundo trimestre de 2017 como a mais alta de toda a série histórica do levantamento, iniciado há oito anos. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve um aumento de 3,8 pontos percentuais em comparação ao trimestre anterior (abril, maio e junho), quando a taxa foi de 15%.

Dez estados brasileiros tiveram alta no desemprego, e Pernambuco teve o segundo maior crescimento percentual entre eles, empatado com o Amapá (3,8 pontos percentuais) e superado apenas pela Paraíba (4 pontos percentuais). O resultado do terceiro trimestre na Pnad Contínua fez com que o estado pulasse da nona para a quinta posição entre as unidades da federação com o maior índice de desemprego do Brasil, atrás da Bahia, Sergipe, Alagoas e Rio de Janeiro. O percentual também é superior à média nordestina, de 17,8% e à média nacional, que chegou a 14,6%.

No estado, 684 mil pessoas de 14 anos ou mais procuraram emprego, mas não conseguiram encontrar no período de abrangência da pesquisa, entre julho, agosto e setembro, quando as medidas de distanciamento social no estado por conta da pandemia do novo coronavírus começaram a ser flexibilizadas. No 2º trimestre de 2020, eram 533 mil pessoas na mesma situação, uma variação de 28,3%, o equivalente a 151 mil postos de trabalho que deixaram de ser ocupados.

“O aumento na taxa de desocupação tem dois componentes que devem ser considerados. Um deles é o contingente da força de trabalho que estava ocupado no trimestre anterior e perdeu seu posto. O outro é a parcela da população que já estava desocupada, mas não buscou ocupação por conta da pandemia. Com a retomada das atividades econômicas, esses trabalhadores se sentiram estimulados a buscar novas oportunidades no mercado”, avalia a gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita.

Os números da Pnad em Pernambuco também mostram mais uma queda no nível da ocupação, indicador que mede o percentual da população ocupada em relação às pessoas em idade de trabalhar. O indicador chegou ao menor nível da série histórica, no 3º trimestre, com 37,8%. 

Informalidade

A taxa de informalidade para Pernambuco ficou em 48% da população ocupada, o que soma 1,41 milhão de pessoas no agregado de julho, agosto e setembro, o que deixa o estado com a 8º proporção mais alta de informais no Brasil. No 2º trimestre, os trabalhadores na informalidade eram 1,36 milhão de pessoas, ou 45,4% da população ocupada. O Brasil, por sua vez, tem uma taxa de informalidade quase dez pontos percentuais mais baixa: 38,4%.

De acordo com Fernanda Estelita, “as atividades informais têm sido uma alternativa à população, uma vez que a criação de vagas formais não consegue absorver todos os que buscam ocupação. Nesse contingente, estão também contabilizados os pequenos empreendedores que viram na crise oportunidades de geração de renda”.

Para o cálculo da proxy de taxa de informalidade da população ocupada são consideradas as seguintes populações: empregado no setor privado sem carteira de trabalho assinada; trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada; empregador sem registro no CNPJ; trabalhador por conta própria sem registro no CNPJ; trabalhador familiar auxiliar.

Desalento

A pesquisa também mostra que o número de pessoas desalentadas passou de 359 mil no 2º trimestre para 402 mil no terceiro trimestre de 2020, uma variação de 12,1%. A população desalentada é definida como aquela que está fora da força de trabalho, que não havia realizado busca efetiva por trabalho pelas seguintes razões: não conseguir trabalho, ou não ter experiência, ou ser muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho em sua localidade e que, se tivesse encontrado trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.

A Pnad Contínua Trimestral aponta ainda que, no terceiro trimestre de 2020, a taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada) em Pernambuco voltou a subir, passando de 36,2% para 38,6% da população ocupada.

Setor público

No terceiro trimestre de 2020, houve um leve variação positiva, de 2,4%, na quantidade de pessoas na força de trabalho, que inclui tanto as pessoas ocupadas quanto as pessoas desocupadas. Por outro lado, o total da população ocupada registrou variação negativa de 2,2%. No setor privado, excetuando os trabalhadores domésticos, houve uma estabilidade tanto no número de postos de trabalho com carteira quanto sem carteira. Entre os trabalhadores domésticos, os trabalhadores familiares auxiliares e os empregadores, também não houve alterações significativas.

Neste semestre, o maior impacto entre a população ocupada foi observado no setor público, que teve queda de 17,3% nos postos de trabalho, reduzidos de 513 mil pra 425 mil. Entre os profissionais que trabalham por conta própria, houve uma queda de 29,6% entre quem possuía CNPJ, ao passo que os trabalhadores sem CNPJ aumentaram 6,8%.

Coleta

Por causa da pandemia de Covid-19, as pesquisas por amostragem domiciliar do IBGE passaram a apresentar percentuais de não-resposta (entrevista não realizada) mais elevados do que usualmente é esperado. Embora não haja, até o momento, prejuízos à qualidade dos indicadores-chave da Pnad Contínua, no âmbito da divulgação trimestral, são necessárias melhorias metodológicas. Sendo assim, foram suprimidos alguns domínios de divulgação, sem prejuízo para a qualidade da informação.

Para esta divulgação, os indicadores foram desagregados somente até as unidades da federação e foram retiradas as desagregações sociodemográficas, como sexo e cor ou raça, assim como dados de rendimento por categoria de ocupação e atividades.

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