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Maia trabalha para emplacar sucessor no comando da Câmara

Publicado em: 25/11/2020 22:53

 (Foto: Reprodução/ Twitter)
Foto: Reprodução/ Twitter
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atua para costurar um acordo capaz de permitir que ele faça seu sucessor no comando da Casa, em fevereiro do ano que vem. O parlamentar tem se reunido com partidos de centro e de esquerda, visando enfraquecer a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Líderes partidários afirmaram ao Correio que, nos encontros, Maia tem apresentado possíveis nomes para sua sucessão: Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE) também chegou a ser cogitado por Maia, mas o nome do integrante do antigo partido de Bolsonaro enfrenta fortes resistências.

Até o momento, o líder do MDB, Baleia Rossi, é apontado como tendo certo favoritismo. Isso porque o emedebista teria uma melhor aceitação de integrantes das bancadas da esquerda, como PDT, PCdoB, PSol e PSB. “Ele (Maia) trabalha por um nome que seja aliado e não um apoiador ferrenho do governo. O escolhido terá de se comprometer que, se eleito, vai garantir espaço para todos os partidos dialogarem dentro da Casa”, afirmou um parlamentar próximo do presidente da Câmara, sob a condição de anonimato.

A ideia de Maia é conseguir garantir, ao menos, 350 votos. Com isso, ele conseguiria ter uma margem ampla para eleger seu sucessor. Assim, aproveitou essas semanas entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais — em que não houve votações da Câmara — para se encontrar com nomes que comandam partidos na Casa.

Maia reuniu-se, nos últimos dias, com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), e com o governador do Ceará, Camilo Santana (PT). O petista tem forte influência na sigla e poderia ajudar o presidente da Câmara a convencer os parlamentares mais resistentes aos nomes cotados. Santana, inclusive, foi responsável por promover o encontro entre Ciro Gomes e o ex-presidente Lula, no começo deste mês — ambos estavam com as relações estremecidas desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2018.

“Mesmo colocando-se como independente do governo, o Baleia (Rossi) votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma. Então, ele sofre resistência dentro do PT”, explicou o apoiador de Maia ao Correio. O PT tem a maior bancada da Câmara, com 56 deputados.

No sábado passado, Maia também esteve com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para tratar do apoio tucano. O chefe do Executivo paulista é desafeto de Bolsonaro.

Esvaziamento
Na contramão das articulações de Maia, a bancada do PP, partido de Arthur Lira, atua internamente para tentar esvaziar a agenda do atual presidente da Casa. Parlamentares contrários ao democrata pretendem agir para que nenhuma pauta importante seja votada até o fim deste ano. Com isso, Maia não conseguiria faturar com aprovações de reformas importantes, como a tributária. Segundo um dirigente da sigla, o objetivo é acabar com o mandato de Maia “o mais cedo possível”. “Sem pauta de votação, não há presidente da Câmara”, argumentou o progressista.

O racha deve, inclusive, travar a votação do Orçamento de 2021. A ideia é que, com a disputa interna, a lei orçamentária não seja apreciada, e o governo inicie o próximo ano sem a definição da matéria.

A disputa, inclusive, travou a abertura da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que trata da proposta. No início do ano, foi firmado um acordo para que o colegiado fosse presidido por Elmar Nascimento (DEM-BA), nome defendido por Maia. Já os aliados de Lira pressionam pela escolha da deputada Flávia Arruda (PL-DF).

O impasse já levou à obstrução das votações no plenário. Sem acordo, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que retomará o assunto após o segundo turno das eleições.

Outros nomes
Temendo desgaste de Lira até as eleições da Mesa Diretora, que só vão ocorrer em fevereiro, o Palácio do Planalto já avalia outras opções para a Presidência da Câmara. O nome da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegou a ser sondado, porém ela já sinalizou que não pretende retomar o mandato de deputada federal. Outro ponto que pesa contra a ministra é o fato de ser do DEM, mesmo partido de Maia.

Além de Tereza Cristina, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, estaria entre os cotados. Na avaliação de governistas, o deputado licenciado tem um bom diálogo com as bancadas e poderia somar apoio contra Maia.

Ameaça
Ciro Gomes postou, nas redes sociais, a foto do encontro com Rodrigo Maia e escreveu: “Proteger a democracia, conter danos diante da ameaça do governo Bolsonaro, que está destruindo a economia brasileira. Dialogar com abertura e pluralismo na frente do povo! Encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e com o governador do Ceará, Camilo Santana”.

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