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HOMENAGEM

No dia em que Darcy Ribeiro faria 98 anos, relembre trajetória do antropólogo

Publicado em: 26/10/2020 16:35 | Atualizado em: 26/10/2020 18:50

 (Foto: Orlando Brito/ Divulgação)
Foto: Orlando Brito/ Divulgação

Em 26 de outubro de 1922 nascia, em Montes Claros (MG), Darcy Ribeiro, uma figura essencial para o desenvolvimento educacional de diversos estados do país, incluindo o Distrito Federal. Formado na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo em antropologia, Darcy se preocupava com causas históricas de povos latino-americanos e com a defesa dos indígenas, com a criação do Serviço de Proteção ao Índio, o Museu do Índio e o Parque Indígena do Xingu.

Com base nos princípios pessoais da democratização da educação e na crença em necessárias reformas universitárias, Darcy Ribeiro se uniu ao educador Anísio Teixeira e ao arquiteto Oscar Niemeyer para elaborar uma criação inovadora, que seguisse parâmetros diferentes dos já conhecidos para um ambiente acadêmico. Em 1962, dois anos após a construção da nova capital federal, foi criada a Universidade de Brasília, inaugurada no Auditório Dois Candangos, primeiro bloco do local.

O regimento interno e todas as definições pré-estabelecidas para o funcionamento do campus universitário cumpria uma espécie de carta magna, o Plano Orientador. A ideia do documento, ainda válido em 2020, era mostrar as adaptações e revoluções pensadas para a UnB. Ao lado dos fundadores, diversos professores, filósofos, cientistas e artistas compuseram o corpo docente da universidade.

No livro intitulado A invenção da Universidade de Brasília, Darcy Ribeiro registrou momentos marcantes para a construção e elaboração de um plano que efetivasse o almejo de educação democratizada. "Eram mais de duzentos sábios e aprendizes, selecionados por seu talento para plantar aqui a sabedoria humana", escreveu o etnólogo.

Para Darcy, a Universidade de Brasília, que recebeu o nome do cofundador no principal campus, era muito mais do que um ambiente instalado para ministrar disciplinas de graduação para jovens. A luta política e a pressão para a garantia de direitos da população e do cidadão também foram primórdios instaurados na criação da faculdade, que foi desenvolvida sem ônus para o governo.

"A UnB foi organizada como uma fundação, a fim de libertá-la da opressão que o burocratismo ministerial exerce sobre as universidades federais. Ela deveria reger a si própria, livre e responsavelmente, não como uma empresa, mas como um serviço público e autônomo", discorreu Darcy, que foi reitor da universidade nos primeiros anos após a criação, em páginas do livro UnB: Invenção e descaminho.

Exílio
Antes do início da ditadura militar, em 1964, Darcy Ribeiro atuava de forma ativa no governo de João Goulart, além de defender a posição esquerda política e ocupar, por anos, o cargo de ministro da Educação e ministro-chefe da Casa Civil, funções nos quais auxiliava em reformas de base.

Depois do golpe, o antropólogo teve os direitos políticos cassados e foi exilado, percorrendo países da América Latina como Chile, Peru e Uruguai. Nesses países, o estudioso desenvolveu obras narrativas em romance, bem como literatura que fala sobre a história de povos latino-americanos e ensaios intelectuais e analíticos sobre sociedade. Além disso, atuou como pesquisador, professor e reformador universitário. Em 1976, voltou ao Brasil e foi anistiado em 1980.

Em 1982, foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, ao lado de Leonel Brizola. Juntos, desenvolveram os Centros Integrados de Educação Pública, Cieps. Em seguida, em 1990, foi eleito senador. Dois anos depois, Darcy Ribeiro passou a ser um integrante da Academia Brasileira de Letras.

Em 1996, o antropólogo criou a Fundação Darcy Ribeiro, em Copacabana, Rio de Janeiro, uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo preservar obras acadêmicas e literárias do idealizador. A fundação, atualmente, tem filial em Brasília, na UnB.

Morte
Darcy Ribeiro foi surpreendido por um câncer no fim da vida. De acordo com boletim médico divulgado no ano da morte, em 1997, pelo hospital Sarah em Brasília, o acadêmico morreu sem dor e de forma tranquila.

Na obra em que reúne memórias do legado no país, Darcy comemorou os feitos durante a trajetória, pessoal e profissional. "Termino esta minha vida já exausto de viver, mas querendo mais vida, mais amor, mais saber, mais travessuras", disse.
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