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Fãs e músicos de Brasília comentam sobre as músicas inéditas de Renato Russo

Publicado em: 27/10/2020 07:35

 (Foto: Sesc DF/Divulgação)
Foto: Sesc DF/Divulgação
“Quem me dera, ao menos uma vez, que o mais simples fosse visto como o mais importante”. Quem me dera, Renato Manfredini Jr. ou melhor, Renato Russo. Sites e redes sociais ficaram em polvorosa, ontem, com a notícia de que a Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou um relatório com músicas inéditas do vocalista da banda Legião Urbana. O material foi encontrado durante operação policial em dois estúdios de gravação no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão após denúncia, feita no fim de 2019, do filho do artista, Giuliano Manfredini. As buscas foram autorizadas pelo Tribunal de Justiça do Rio.

Giuliano disse ter recebido mensagens de um perfil fake, por meio da internet, afirmando que existiam faixas inéditas do cantor em poder de produtores musicais. Durante a operação, os policiais apreenderam HDs de computadores e discos que serão periciados para identificar eventuais músicas gravadas pelo artista. Entre o material encontrado, estão novas versões de músicas já gravadas pela Legião Urbana.

O produtor musical dono dos estúdios e colecionador de raridades sonoras foi intimado a prestar depoimento, o que deve acontecer na próxima quinta-feira. A investigação apura crime de violação de propriedade intelectual, uma vez que Giuliano Manfredini é o detentor dos direitos autorais do pai. Um dos estúdios onde o material foi apreendido foi um dos últimos frequentados pelo vocalista.

Intitulada Operação Será, a ação policial faz referência à canção Será, em que o intérprete narra um relacionamento abusivo, no qual o agressor vê o parceiro como sua propriedade, iniciada com os versos “Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você”.

Repercussão
Paulo Veríssimo, guitarrista da banda brasiliense Quatro Estações, cover da Legião Urbana, comentou sobre a capacidade da banda original em fabricar clássicos. “Vai ser fantástico ver o que o Renato fez, porque já teve o Uma outra estação, último disco da banda, e póstumo também, que é sobra do A tempestade. Então esse material inédito, se existir mesmo, geraria, no mínimo, mais dois, três discos novos. E Renato é Renato. Acho que a Legião é uma das bandas que mais tem clássicos. Vai ser ótimo, apesar de as músicas terem sido feitas em um momento triste da vida dele, e que apareçam de uma forma tão sombria. Mas que bom que veio à tona”, comenta.

Meolly, vocalista do bloco Eduardo e Mônica, que faz versões do repertório da Legião e outros clássicos oitentistas, ressalta a importância da descoberta. “Para quem é fã, é do caramba. Muito bom poder aumentar seu acervo e conhecer coisas nova do artista que você ama e curte. Em um momento em que se tem tanta coisa de qualidade duvidosa rolando, trazer esse foco para a Legião, de novo, sabendo da qualidade que tem, é muito importante para o rock nacional e para todo mundo que faz rock no Brasil”, observa.

Daniela Firme é vocalista da banda Rock Beats, que tem um show com o repertório de Renato Russo e Cazuza, participou do show Elas cantam Renato Russo, com Célia Porto, Carmem Manfredini (irmã de Renato) e Marina Camelo, e possui versões para músicas do líder da Legião Urbana no trabalho autoral. “Acho essa descoberta inestimável, porque será o equivalente a três discos inéditos completos. Se as músicas vierem a ser divulgadas, virão em um momento, justamente, em que o Brasil sente carência de músicas que tragam as reflexões que o Renato sempre trazia, tanto sobre amor quanto no âmbito político.”

Relembre
Renato Russo morreu em 11 de outubro de 1996, em decorrência de complicações da Aids. Apesar de natural do Rio de Janeiro, o cantor morou por muitos anos na capital federal, onde alcançou sucesso nacional com a banda Legião Urbana. Foi em Brasília que o jovem Renato Manfredini começou a imaginar e a escrever num pequeno caderno de anotações o projeto de uma banda de rock. Ensaiava até as entrevistas que daria quando ficasse famoso.

Ele chegou a cursar jornalismo no Uniceub e escreveu para alguns jornais da região, além de ter dado aulas de inglês na Cultura Inglesa. Pouca gente sabia, quando o repórter do Correio Alexandre de Paula publicou reportagem sobre o Renato radialista. O trovador solitário foi locutor de três programas radiofônicos na Planalto FM no início da década de 1980.

Documentos exclusivos do Correio revelavam, em 2017, detalhes da passagem do cantor pela emissora dos Diários Associados. A carta com o pedido de demissão (por causa da banda recém-criada) e o registro de empregado do cantor, por exemplo, apresentam datas e as razões alegadas por Renato para deixar a função de locutor.

Renato Manfredini Jr., revelam os documentos, foi admitido na Planalto FM em 1 de outubro de 1983, uma segunda-feira. Segundo o registro de empregado da emissora, Renato trabalhava das 9h às 14h e recebia salário mensal de cento e dois mil, setecentos e vinte cinco cruzeiros.
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