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MÚSICA

Em pocket show, pernambucano Amaro Freitas mostra toda sua genialidade no piano

Publicado em: 30/10/2020 14:36 | Atualizado em: 30/10/2020 14:43

No palco virtual, o artista apresenta a música Batucada, prévia do novo álbum (Foto: Divulgação)
No palco virtual, o artista apresenta a música Batucada, prévia do novo álbum (Foto: Divulgação)

Ver uma apresentação de Amaro Freitas é experienciar um movimento único das teclas sob os dedos e repensar o piano. Ele une as composições milimetricamente lapidadas e ensaiadas com os improvisos do palco. O músico pernambucano, conhecido por transpor ritmos nordestinos como frevo, baião, maracatu e maxixe para a linguagem do jazz, participa hoje, às 20h, da programação virtual do Festival Arte Como Respiro, do Itaú Cultural. A mostra é fruto do edital de emergência lançado diante da crise que atingiu em cheio a cena artística na pandemia. Foram escalados 15 artistas, com pocket shows gratuitos até domingo. Os vídeos ficam disponíveis por 24 horas no site da instituição.

Em formato intimista, será possível ver bem a interação do artista com o instrumento. “Eu gosto de pensar o piano como se fosse um tambor de 88 teclas, com várias possibilidades e combinações. E me permitir improvisar.” A performance foi gravada no Estúdio Carranca, no Recife. No repertório, três canções autorais: Trupé, Afrocatu e Batucada, as duas primeiras do disco Rasif (2018) e a última antecipando um novo projeto, previsto para 2021.

O processo de concepção musical requer longo período de maturação. “A música precisa de tempo, e a minha cabeça também. É saber que ela nunca vai ser igual, e esse é o momento de crescimento do som, assim como a vida, e os dias que sempre são diferentes. É preciso sair da zona de conforto para chegar em um outro lugar.”


A pandemia iniciou sem que a turnê de Rasif - seu segundo álbum, lançado dois anos após a estreia com Sangue negro - fosse encerrada. Mas a retomada já está prevista e, na sequência, Amaro pretende lançar o novo disco. Uma prévia já poderá ser sentida em Batucada, single que antecipa as referências do próximo projeto, que faz um resgate da conexão com a ancestralidade.

“O álbum terá temas e signos que remetem à Africa e à grandeza do povo negro, do nordestino e da nossa cultura. Quero voltar e entender a história do Brasil ancestral, que nos foi contada através do crivo branco, colocando o negro em posição inferior, sem reis, referências ou grandes líderes.” “O trabalho inicia com Batucada, um samba de roda, que reflete sobre o início dos encontros no Rio de Janeiro e na Bahia, de pessoas que viviam em situação de opressão e se reuniam em torno do ritmo como escape”, adianta.

O disco é fruto do edital da Natura, no qual Amaro foi o único pernambucano contemplado."Eu não falo apenas com orgulho, mas com um olhar de preocupação também para nossa cena e cultura de Pernambuco. Porque há uma genialidade musical, mas falta a questão da valorização dos profissionais da música instrumental. E essa é uma bandeira que luto para defender", frisa.
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