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LITERATURA

Livro que experimenta união da música com memória é lançado pela Castanha Mecânica

Publicado em: 28/09/2020 19:26 | Atualizado em: 28/09/2020 19:30

 (Foto: Acervo Pessoal e Divulgação)
Foto: Acervo Pessoal e Divulgação

A memória e a musicalidade se cruzam em nova obra lançada pela editora pernambucana Castanha Mecânica. Costurado por melodias que marcaram episódios da vida do autor e jornalista pernambucano Fernando Albuquerque, o livro Apaguei a playlist/ comecei a dançar recebeu menção honrosa no Edital de Chamamento Público da editora Castanha Mecânica, em 2019, e está em pré-venda neste site. Com 96 páginas, ilustrações do baiano Márcio Junqueira, edição e design de Fred Caju, o título reúne 13 poemas que mesclam realidade com ficção. O livro tem prefácio do escritor pernambucano Cleyton Cabral e custa R$ 50.

"Eu escrevo neste livro sentimentos universais. Escrevo sobre situações que vivi ou poderia ter vivido porque eu gosto de escrever muito coisas que quaisquer pessoas possam sentir. É um livro de memórias que não são minhas, é eu lírico construído. Se tentar transpor para uma realidade não há o fato concreto, mas há autobiografia. Porque a memória é, antes de tudo, um espaço de omissão, a gente omite uns fatos em detrimento de outros", explica o autor. "Há ainda uma autoavaliação sobre a forma como lidou com essas relações, os sentimentos e as lições guardadas", completa.

O livro vem acompanhado de uma QR code que leva a uma playlist no Spotify. De acordo com o pernambucano, o desejo de incluir música na experiência literária é levar os leitores às memórias. "A gente sempre guarda uma memória de alguém relacionada à música, a um lugar ou a um sentimento. Eu queria levar as pessoas a esse espaço. Além de que as músicas dão um ritmo a leitura dos textos", pontua. A músicas que podem ser ouvidas na playlist abraçam a narrativa e levam o leitor a uma nova experiência. "O texto sem música significa uma coisa, com a música é outra. Quando você lê ouvindo as músicas, é possível perceber que há trechos dessas músicas no poema. O ritmo da leitura no ritmo da música provoca uma outra experiência", destaca Fernando.

Os 13 poemas remetem aos 13 personagens que dão título a cada um dos escritos, refletindo momentos vividos que envolvem perda, amizade, paixão, sexo e carinho. “Esse livro é, antes de tudo, um convite para nos despirmos daquilo que se acumulou em nossa consciência e nas nossas rugas. A experiência é o nosso trunfo, a tábua de salvação contra os erros e contra a inoperância de certas condutas. Mas ela não pode, jamais, ser o peso que nos impede de continuar e de nos reinventarmos. Não pode ser responsável pela continuidade e insistência no erro. Assim, o eu lírico criado viaja de forma profunda pelo seu catálogo de bons e maus encontros para logo depois se entregar à catarse”, afirma o autor.

Negro e homossexual, Fernando estreia no mercado editorial rompendo barreiras que sempre foram desafios na sua trajetória. "Eu falo de um lugar que foi muito difícil de construir. As certezas, principalmente. Mas eu sempre falarei desse lugar, não há como dissociar a experiência do autor de seus textos. Sou um homem negro, eu falo desse espaço. E sou da periferia da produção literária e da vida, então o leitor branco vai ter que visitar esse espaço. E talvez essa experiência faça o leitor pensar duas vezes", explica o autor.

"Eu sempre li muito e escrevi muito, desde a infância. Tenho muita memória da minha mãe lendo para mim, mas nunca tinha pensado em publicar nada até o edital da Castanha", confessa Fernando. O livro foi bem recebido pela editora. “Eu pensei em publicar apenas um livro com o edital. No entanto me deparei com três obras instigantes. A de Fernando de Albuquerque me tocou por sua sensibilidade e por ser contextualizada num universo pop contemporâneo com um tom que não dissolve a identidade do autor entre as referências que o livro traz. Estava diante de um livro que precisava publicar”, disse o editor da Castanha Mecânica Fred Caju.
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