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ASSÉDIO

Polícia investiga acusado de postar e expor na internet mulheres que faziam ioga na zona sul do Rio

Publicado em: 06/08/2020 20:35

 (Foto: Pikist/Reproduçãi )
Foto: Pikist/Reproduçãi

No último sábado, a advogada e professora carioca Mariana Maduro, de 33 anos, juntamente com uma amiga, praticavam ioga nas margens da Lagoa Rodrigo de Feitas, na zona sul do Rio, quando dois homens gravaram com o celular as vítimas praticando yoga. As imagens registraram movimentos e detalhes íntimos dos corpos das mulheres associadas ainda a áudios de comentários de teor sexual dos envolvidos. O vídeo foi postado sem o consentimento das duas mulheres, que nem sabiam que estavam sendo filmadas, numa rede social chamada “Loja de Militaria”, que possui mais de 300 mil seguidores e pertence ao comerciante Ricardo Roriz, dono de uma loja de artigos militares. O outro homem foi identificado pela polícia civil apenas como um vendedor ambulante chamado Celsão. 

O vídeo, que viralizou e provocou grande repercussão na internet, causou indignação, insônia e mal-estar na advogada ao tomar conhecimento da situação, que declarou ter “a sensação que virou um filme pornô”. “Quando eu cliquei, eu só comecei a vomitar, não conseguia parar de vomitar. A cena é muito grotesca, muito violenta. Vendo aquilo, os comentários. Com eu sou advogada, eu pensei: preciso ter o mínimo de pensamento cognitivo para salvar esse vídeo, printar esses comentários horrorosos. Porque isso não pode ficar desse jeito. Uma pessoa não pode me expor dessa forma. Eu compartilhei com minha amiga e ela também ficou assustada”, afirmou em entrevista ao G1. Marina também disse que decidiu praticar ioga depois que apresentou sintomas de depressão na pandemia e embora tenha lhe proporcionado a principio bem-estar, nunca mais pretende voltar a fazer a atividade depois de tudo que aconteceu.

Após estar ciente do episódio, a advogada prestou queixa por perturbação da tranquilidade, gesto obsceno e injúria na 12ª DP, em Copacabana, e garantiu que irá processar os dois homens na justiça cível e criminal. A delegada Valéria Aragão, que investiga o caso, falou que Ricardo Roriz prestou depoimento na terça-feira (4), no qual expressou seu pedido de desculpas à vítima, disse que publicou uma nota de esclarecimento na internet, além de garantir que o vídeo foi apagado dos seus perfis nas redes sociais. Já a advogada comentou em seu Instagram que considera a nota do acusado uma afronta; e disse que ele feriu a inteligência dela e, além do mais, o suspeito postou mensagens estando na rua enquanto ela está privada dentro de casa devido aos transtornos causados pela situação.

Para a delegada Valéria Aragão, a exposição do corpo da advogada, da forma como foi feita, com os comentários, com aquele gestual chamando atenção para a masturbação masculina numa rede social de muitos seguidores, fez ela se sentir muito ofendida. Então, por isso, o fato realmente merece se registrado. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil  também se pronunciou sobre o acontecimento e emitiu uma nota de repúdio: “É inacreditável que, em pleno ano de 2020, corpos femininos ainda sejam objetificados e sexualizados dessa forma, pouco importando para os ofensores as vontades de uma mulher. Não há mais espaço, em nossa sociedade, para que abusos e opressões continuem ocorrendo. Isso porque, atitudes como essa, perpetuam o não reconhecimento da mulher como indivíduo de direitos”, assinada por representantes da OAB. O advogado de Roriz, Valdo Tavares, comunicou que seu cliente reconhece o erro de ter postado o vídeo, entretanto, alegou que a discussão sobre o conteúdo da publicação é ideológica. “Conversa íntima entre amigos que estavam bebendo cerveja há algum tempo”, disse Tavares.

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