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Magnata da imprensa de Hong Kong pede a jornalistas que continuem lutando

Por: AFP

Publicado em: 12/08/2020 07:36 | Atualizado em: 12/08/2020 07:57

 (Foto: ISAAC LAWRENCE / AFP)
Foto: ISAAC LAWRENCE / AFP
O magnata da imprensa de Hong Kong Jimmy Lai pediu nesta quarta-feira aos jornalistas de seu conglomerado que continuem lutando, em um discurso pronunciado no dia seguinte a sua libertação sob fiança depois de passar 40 horas em detenção.

"Vamos seguir lutando, vamos seguir lutando", afirmou Jimmy Lai na redação do jornal Apple Daily.

O empresário foi detido no âmbito da repressão exercida pela China contra a dissidência no território semiautônomo.

"Temos o apoio do povo de Hong Kong, não podemos decepcioná-los", completou Lai, que retornou à redação e foi muito aplaudido pelos funcionários.

Lai, 71 anos, havia sido detido na segunda-feira ao lado de outras nove pessoas com base na nova lei de segurança imposta pelo governo central da China em Hong Kong. Quase 200 policiais entraram na redação do jornal, que faz muitas críticas a Pequim.

Desde a promulgação da lei, muitos ativistas pró-democracia foram detidos e candidatos das eleições legislativas foram vetados, o que provocou a indignação dos países ocidentais.

Muitos habitantes de Hong Kong que protestaram em 2019 contra a presença crescente de Pequim no território agora vivem com medo.

De acordo com um vídeo exibido ao vivo no Facebook, Lai pediu aos jornalistas que prossigam com o tom que provocou a irritação da China e do setor pró-Pequim de Hong Kong.

"Está cada vez mais difícil administrar uma empresa de mídia em Hong Kong. Mas nós temos que continuar com o nosso trabalho", insistiu Lai.

"Felizmente, não fui mandado de volta ao continente", brincou, em uma rápida demonstração de humor negro.

Considerada uma resposta de Pequim após meses de manifestações em Hong Kong em 2019, a lei de segurança concede às autoridades locais novos poderes para reprimir o separatismo, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras. 

Lai foi detido por acusações de conivência com forças estrangeiras e fraude.

Dois de seus filhos também foram detidos, assim como a jovem ativista democrática Agnes Chow e Wilson Li, um ex-militantes que se apresenta como jornalista independente para o canal britânico ITV News.

Muitos ativistas consideram o texto liberticida porque acaba com o princípio de "um país, dois sistemas" estabelecido durante a transferência de 1997 e que garantia a Hong Kong liberdades desconhecidas no restante da China até 2047.

Várias autoridades estrangeiras expressaram preocupação, incluindo o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, que se reuniu com Lai no ano passado e considerou sua detenção "mais uma prova de que o Partido Comunista Chinês destruiu as liberdades de Hong Kong e os direitos de seu povo".

Hong Kong é sede regional de muitos meios de comunicação internacionais há décadas. Para muitos, a detenção de Lai provoca dúvidas sobre o compromisso da China e do Executivo local de não atentar contra a liberdade de imprensa.

De acordo com a classificação da ONG Repórteres Sem Fronteiras, a cidade caiu do posto 18 em 2002 para o 73 em 2019 na lista de liberdade de imprensa. 
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