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Roger Waters chama Trump de porco em filme

Por: FolhaPress

Publicado em: 01/07/2020 22:19

 (Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP)
Foto: Kevin Winter/Getty Images/AFP
No dia 9 de outubro de 2018, Roger Waters, ex-Pink Floyd, se surpreendeu ao ser vaiado por parte da plateia no Allianz Parque, em São Paulo. Logo depois do primeiro turno da eleição presidencial brasileira, ele mostrou no telão a inscrição "#EleNão" e alguns na pista chegaram a xingar o artista de forma violenta.

É mais ou menos este show que agora vira o recém-lançado filme "Us + Them", com direção do músico e de Sean Evans. No filme, gravado na Europa, há uma estrutura de telões que desce até a cabeça dos espectadores na metade final do show, o que não aconteceu no Brasil.

O show começa com "Breathe", de "Dark Side of the Moon", de 1973, que será apresentado quase integralmente. Após "One of These Days", um relógio surge no telão, óbvia senha para "Time". A música é um grito à juventude e também crítica ao movimento hippie, alertando o ouvinte para se mexer antes que a vida acabe, como em "ninguém avisou quando correr/ você perdeu o tiro de partida".

No palco, Waters mostra que é ele quem faz o tique-taque com seu baixo, uma curiosa surpresa. Ele assume o vocal e a plateia aparece extasiada, cantando junto. Na sequência, vêm "Breathe (Reprise)" e "The Great Gig in the Sky", todas entrelaçadas, como no primeiro lado do disco.

Depois de três boas canções de seu último trabalho solo, "Is This the Life We Really Want?", o tocante dedilhado de "Wish You Were Here" retoma o foco para o Pink Floyd. A plateia canta todas as sílabas, mas não se ouve. A opção dos diretores foi a de privilegiar os instrumentos e microfones dos músicos, e nenhum ruído vaza do público. Isso torna o som mais profissional, mas certamente um pouco mais frio para o que se espera de um show ao vivo.

Um helicóptero "sobrevoa" o estádio. É só um facho de luz e o barulho da aeronave, mas qualquer fã já sabe o que vem. É o prólogo de "The Happiest Days of Our Lives", que, por sua vez, é o prólogo para "Another Brick in the Wall, Part 2", do disco "The Wall", de 1979.

As crianças cantando e o impressionante clipe em que elas caminham na escola até serem moídas como salsichas aqui são substituídas por meninos e meninas atuais, escolhidas com a ajuda de programas sociais nas cidades onde os shows acontecem. No palco, algumas aparecem como os prisioneiros de Guantánamo, com sacos pretos nas cabeças.

Uma plataforma desce no estádio e a estação Battersea, capa do álbum "Animals", de 1977, parece surgir do nada. Um porco voador, como no lançamento do disco há mais de 40 anos, singra pelos ares.

A banda ataca com "Dogs" e, em seguida, "Pigs", o animal que representa a classe política na fábula do Pink Floyd. "Porcos dominam o mundo", diz a placa que Waters levanta. Em seguida, "fodam-se os porcos!", enquanto todos tomam champanhe no palco.

A música começa com Donald Trump estampado no telão, no exato momento em que Waters canta o primeiro "porco" da letra. Raivoso, o músico mostra os dedos do meio.

A fortuna de Trump faz a ponte para o lado B de "The Dark Side of the Moon", no que será a apoteose do show, começando com o hit "Money". A seguinte é a bela "Us and Them", que dá nome ao filme.

Ao fim, Waters faz um breve discurso. No final dos créditos, há um vídeo com crianças brasileiras nos bastidores do show carioca de 2018. "Eu só queria ver um pouco mais de amor", elas cantam.
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