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Revista Serrote lança edição gratuita com ensaios sobre os impactos da pandemia

Publicado em: 07/07/2020 09:08 | Atualizado em: 07/07/2020 12:45

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação

A revista Serrote lança uma edição especial, gratuita e digital, trazendo reflexões sobre o atual momento de exceção. A publicação que reúne ensaios de diversos escritores já está disponível para download (clique aqui). Para promover a nova edição, na quarta-feira (8), às 17h, o historiador argentino Federico Finchelstein discutirá como, ao negar a pandemia, chefes de Estado reproduzem estratégias fascistas de propagação de mentiras. Já na outra quarta-feira (15), às 17h, o jornalista Jefferson Barbosa falará sobre a atuação dos coletivos no combate à covid-19 nas periferias.

A revista traz seis artigos inéditos, com edição produzida em isolamento social, que tratam da situação política do Brasil no contexto da pandemia. Além dos textos novos, a Serrote publica a tradução de um artigo do historiador italiano Carlo Ginzburg. Em O vínculo da vergonha, Ginzburg investiga como podemos repensar as relações entre indivíduos e comunidades a partir do sentimento de vergonha. "Há muitos anos, percebi de repente que o país a que pertencemos não é, como quer a retórica mais corrente, o país que amamos, e sim aquele do qual nos envergonhamos", afirma. Escrito em 2010, o texto ganha nova dimensão no contexto da atual crise sanitária e econômica.

Outro destaque é o ensaio de Federico Finchelstein, que participa da live no dia 8. Em O líder fascista como encarnação da verdade, o autor afirma que as atuações de Donald Trump e Jair Bolsonaro no enfrentamento da epidemia são amparadas em práticas autoritárias, de negação dos fatos. “Um eixo central dessa história, que parece se repetir em países como os Estados Unidos e o Brasil, é a ideia de um líder que se considera a encarnação da verdade e, com suas mentiras, enfraquece a democracia e chega até a estimular a expansão da covid­19”, escreve.

Em Nosso apocalipse zumbi, a poeta e tradutora Stephanie Borges reflete sobre como a obsessão contemporânea pela figura do morto-vivo pode ajudar a entender o momento político brasileiro. Na lógica perversa dos filmes de zumbi, assim como na retórica bolsonarista, diz ela, quem se alia à morte e demonstra o maior desprezo pelo outro ainda consegue se imaginar como herói. Em contraponto a isso, Borges recorre ao imaginário afrofuturista para engendrar outras realidades.

Jefferson Barbosa, que participa da conversa do dia 15, assina o texto Estratégias para ficarmos vivos. Editor do PerifaConnection, plataforma de disputa de narrativa sobre as juventudes negras e periféricas, ele relata suas experiências com os coletivos que estão na linha de frente da campanha contra a covid-19 nas periferias, distribuindo cestas básicas, combatendo a desinformação e denunciando a violência policial. “Não podemos contar com um governo desumano que empurra o povo para valas comuns e que bem poderia ter como lema ‘Medo e ódio', afirma.

Já a filósofa Carla Rodrigues assina o artigo Os fins do luto, no qual enlaça as dimensões pessoais e coletivas da perda em tempos de pandemia. Segundo a autora, o confinamento pode ser comparado a um processo de luto, “cada um tentando se equilibrar no seu isolamento, no medo, na tentativa de perder os mortos sem abandoná-los”. De olho em Brasília, nas periferias e na vida em distanciamento social, Gabriel Giucci, No Martins e Veridiana Scarpelli assinam ensaios visuais, uma das marcas da revista impressa –  que volta a circular normalmente em novembro.
 
Serviço
Edição especial Serrote
Download no seguinte link:
https://www.revistaserrote.com.br/2020/07/serrote-edicao-especial/

Lives de lançamento
Pandemia e fascismo, debate com Federico Finchelstein
Quarta-feira (8), às 17h
Transmissão ao vivo no YouTube: youtube.com/user/imoreirasalles

Pandemia e periferias, com Jefferson Barbosa
Quarta-feira (15), às 17h
Transmissão ao vivo no YouTube: youtube.com/user/imoreirasalles
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