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Estudo vai correlacionar dados médicos de pacientes com Covid-19 em tratamento no HC

Publicado em: 19/06/2020 11:11

Hospital das Clínicas fica na Cidade Universitária. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)
Hospital das Clínicas fica na Cidade Universitária. (Foto: Leandro de Santana/Esp. DP.)
Um novo estudo analisando pacientes com a Covid-19 começou no Hospital das Clínicas, em parceria com os Programas de Pós-Graduação em Medicina Tropical e em Genética da UFPE e com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco. A pesquisa chamada “Prospecção de Biomarcadores de Evolução Clínica da Covid-19” pretende avaliar marcadores moleculares e imunológicos em pacientes em tratamento ou que já se trataram no HC, que é unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

A pesquisa tem dois braços principais. Um deles vai comparar os quadros dos pacientes levando em consideração as manifestações clínicas e os biomarcadores laboratoriais, analisando pessoas imunocompetentes (aquelas com imunidade normal) e as imunodeprimidas (com a imunidade mais vulnerável em virtude de doenças, como HIV, câncer, as autoimunes, entre outras). “Esse projeto está estudando as respostas imunológicas durante a infecção pelo novo coronavírus em pessoas com sintomas leves e graves a fim de entender a dinâmica do perfil imunológico em cada grupo de indivíduos”, explica o chefe do Serviço de Doenças Infecto Parasitárias do HC, Paulo Sérgio Ramos.

Um dos destaques serão as respostas a serem obtidas na análise do comportamento do novo coronavírus no organismo das pessoas que convivem com o HIV (aids) e a comparação com aquelas sem HIV. “Vamos estudar o equilíbrio entre a inflamação provocada pelo novo coronavírus e a regulação da resposta imunológica nesses dois grupos de pessoas. Queremos descobrir, entre outras coisas, se haverá alguma diferença na resposta imunológica entre esses dois grupos, se o novo coronavírus vai aumentar a carga viral de HIV e se o coquetel antirretroviral contra o HIV impedirá a evolução da Covid-19 para as suas formas mais graves”, esclarece Virginia Lorena, pesquisadora do Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz e professora do Departamento de Medicina Tropical da UFPE.

O outro braço do estudo vai quantificar e qualificar a variabilidade genética do novo coronavírus (Sars-CoV-2) que circula em Pernambuco, além de identificar perfis genômicos que podem estar associados à evolução clínica para um estado grave ou a um quadro assintomático, comparando com a diversidade genômica do vírus. “Vamos realizar o sequenciamento genético do vírus e das pessoas infectadas por ele para identificar essas características e entender o porquê das diferentes manifestações clínicas que variam em cada grupo de indivíduos”, explica o professor Reginaldo Gonçalves de Lima-Neto, do Departamento de Medicina Tropical da UFPE. “Esperamos que os resultados da pesquisa apresentem repercussão clínica e auxiliem na definição de protocolos de assistência direcionados a cada grupo de pacientes”, completa.

Também será analisada a expressão de proteínas que o vírus produz na célula do hospedeiro (a pessoa infectada) e avaliado o potencial antiviral de moléculas bioativas espécie-específicas. “Isso pode proporcionar a criação de um fármaco ou a utilização de um já existente, como ocorreu com o Tamiflu para o vírus Influenza A H1N1, que bloqueia a ação de uma glicoproteína de superfície do vírus”, salienta Reginaldo Gonçalves.
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