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Tecnologias pernambucanas ajudam no combate à Covid-19

Publicado em: 28/03/2020 10:00 | Atualizado em: 30/03/2020 17:35

 (Arte: Silvino)
Arte: Silvino

Por ser uma doença recente, toda ação em relação ao combate do coronavírus é muito nova. Se a ciência é o caminho lógico para buscar uma cura para a Covid-19, a tecnologia pode ter um papel fundamental no enfrentamento à disseminação do vírus, importante para evitar um colapso do sistema de saúde. Em um estado que respira inovação, por contar com um dos principais parques tecnológicos do Brasil, seria natural que algumas soluções embarcadas no Porto Digital fossem implementadas como aliadas na contenção ao coronavírus. Pitang, Brainy Resolution, Fábrica de Negócio e In Loco são algumas das empresas pernambucanas que já têm tecnologia sendo utilizada com essa finalidade. E outras já estão por vir.

Lançado na última quinta-feira pela Prefeitura do Recife, o aplicativo webde atendimento médico "Atende em casa - Covid-19" tem como objetivo desafogar as emergências de saúde, já que, através dele, é possível fazer uma triagem remota com as pessoas que estão com sintomas gripais. Inicialmente, o atendimento é válido para o Recife, mas o governo do estado deve estender nos próximos dias para os demais municípios. Neste momento, 40 médicos foram treinados para fazer os atendimentos e até a última sexta-feira já haviam sido contabilizados 5 mil atendimentos. Por trás deste apoio no combate à disseminação está a tecnologia das pernambucanas Pitang, Brainy Resolution e Fábrica de Negócio. "Eu estou muito feliz, principalmente sendo recifense, é um negócio tão simples, mas tão impactante", comemora Cláudio Castro, sócio da Pitang.

A solução vai possibilitar mais do que desafogar os atendimentos de triagem, mas também é capaz de mapear as localidades que contam com mais casos com sintomas suspeitos da Covid-19, facilitando ações de enfrentamento à disseminação mais assertivas. "Não tem como controlar o quanto o coronavírus cresce, em que momento e onde. Na prática, os governos começam a investir em algo que não sabem o que vai acontecer ainda. Trabalhamos, juntos com equipe médica, jurídica e técnica, para fazer algo prático e objetivo, que as pessoas não vão para emergência antes de passar pelo aplicativo", afirma.  

Na plataforma, a pessoa vai preencher alguns dados, inclusive o CEP e a idade para que, além do teleatendimento, o mapeamento seja feito e onde há grupo de risco. "Em casos de sintomas leves, ele vai receber uma notificação para ficar em casa. Em casos mais graves, um médico faz o teleatendimento e orienta sobre a necessidade de ir a um posto de saúde ou não. Ou até mesmo de enviar uma ambulância. O histórico do paciente também fica registrado e se ele voltar a consultar, o médico já saber sobre o agravamento dos sintomas. Além disso, estamos gerando um relatório a cada três horas que identifica os pontos críticos e são dados que ajudam na tomadas das decisões", detalha Cláudio Castro. 

A empresa pernambucana de geolocalização In Loco também está implementando a sua tecnologia para o combate à disseminação do coronavírus. Cerca de 700 mil smartphones estão sendo monitorados para fazer um mapeamento de quais localidades estão cumprindo mais ou menos das medidas de isolamento social no estado. A ferramenta ajuda na gestão e orientação em bairros onde as informações não chegaram de forma efetiva. Inclusive, a In Loco agora vai disponibilizar os dados para outras capitais brasileiras. Os dados contam com informações agregadas e não individuais dos dispositivos móveis e se baseia na privacidade dos usuários. 

Mais soluções do estado entrarão em funcionamento

Outras soluções pernambucanas serão colocadas em funcionamento para o combate à disseminação do coronavírus em breve. Oito soluções inovadoras foram selecionadas através do Desafio Covid-19, que vai destinar um aporte de R$ 1,3 milhão para o desenvolvimento em pouco tempo, resultado em um maior impacto social no enfrentamento ao vírus. Dessas, três são ideias oriundas do estado, e mais duas do Rio de Janeiro, uma do Rio Grande do Norte, do Distrito Federal e São Paulo. O projeto é uma iniciativa do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) e do Porto Digital. 

Segundo Francisco Dirceu Barros, procurador-geral de Justiça do MPPE, "É possível combater o coronavírus com tecnologia e Pernambuco sai na frente com essas ferramentas de fácil acesso", ressaltou. Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, explicou que foram três etapas e que a última foi a submissão do Mínimo Produto Viável (MVP) para que as soluções possam ser implementadas de imediato. "Foi aberto o chamado para conectar o poder público com o open inovation e precisava montar os desafios que ele teria, especificar os problemas para saber como podem surgir as soluções", disse. 

A implementação imediata, segundo André Longo, secretário de Saúde do estado, é necessária por conta da velocidade de disseminação do coronavírus e que é preciso garantir celeridade nas soluções que possam ajudar na contenção. "Tem sido difícil dar conta de todas as situações, mas o que envolve tecnologia é prioridade neste momento e pode nos deixar um legado para depois. E essa situação tem sido muito dinâmica, estamos avaliando diariamente a situação e agora vamos manter as medidas restritivas. Essas ferramentas poderão ajudar porque podem monitorar a movimentação das pessoas e isso poderá ser de grande valia neste momento. Até porque mesmo no momento que começar a flexibilizar as medidas, os especialistas falam que não pode ser ao mesmo tempo, então vamos precisar monitorar os grupos específicos", disse. 

Além das soluções da Cells Digital, Dycovid e In Loco (ver a arte), mais cinco de fora do estado foram selecionadas.  A Evolutix Gestão Tecnologia/Allis (RJ) propôs o gerenciamento do fluxo de informações através de um barramento, que recebe, em tempo real, os dados sobre casos epidemiológicos e permite o monitoramento. A Nudging (DF) lançou a ideia do Xô Corona, um aplicativo que promove o isolamento social voluntário empregando ferramentas da economia comportamental, linguagem visual e gamificação. A Medvelox (RJ) propôs um app de comunicação móvel customizado para necessidades de equipes médicas. A eHealth Potiguar (RN) apresentou uma aplicação voltada para profissionais da saúde, que permite a consulta rápida a protocolos que auxiliam na tomada de decisões clínicas. Já o Grupo de Biologia Molecular de Malária (SP) propôs um método em uma única etapa que possa cumprir com o papel diagnóstico para SARS-CoV 2. 


 (Foto: Avantia/Divulgação)
Foto: Avantia/Divulgação
Potencial ainda a ser explorado

Apesar de algumas tecnologias pernambucanas já estarem sendo implementadas na ajuda ao combate ao coronavírus, o potencial das soluções do estado é bem maior, principalmente porque o Porto Digital conta com mais de 300 empresas embarcadas no parque tecnológico. A Avantia, integradora e desenvolvedora de soluções com expertise em segurança eletrônica, por exemplo, conta com soluções que podem ajudar na contenção da disseminação do coronavírus. A empresa faz o gerenciamento remoto da segurança de uma empresa pública ou privada e a sua capacidade pode ser incorporada para ajudar no monitoramento. Inclusive com analíticos que controlam a temperatura corporal, através de câmeras térmicas, que podem ajudar a analisar fluxo e movimentação de pessoas.

Mas mesmo uma conexão mais simples é capaz de ajudar. "Se conectar com câmeras de órgãos públicos e empresas privadas, é possível detectar onde está acontecendo aglomerações. Além disso, é possível identificar qualquer situação de insegurança para acionar o poder público para tomar as medidas cabíveis. Inclusive é uma solução importante neste momento de mobilidade reduzida por conta das medidas de restrição social porque o gerenciamento remoto pode identificar ainda uma situação de risco e resulta em um trabalho mais assertivo. Traz um aumento de produtividade porque em vez de o policial fazer uma ronda normal tentando encontrar uma situação de risco, se ele já tem alguma informação ele faz um trabalho mais assertivo e vai possibilitar fazer um maior número de atendimentos". afirma Sílvio Aragão, CEO da Avantia. 

 
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