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Novo coronavírus atinge indústria do sexo pelo mundo

Publicado em: 28/03/2020 09:55

Por Isabel Alvarez – RIO (RJ)

A pandemia também afetou o mercado do sexo, principalmente das garotas de programa que atuam em boates e ruas. O isolamento social deixou cidades fantasmas, quase todas vazias e sem movimento. Muitas delas trabalham em clubes que estão fechados, e a crise econômica já abala a sobrevivência da maioria.
 
Um dos exemplos mais expressivos é o mais famoso, regulamentado e organizado mercado de prostituição do mundo, localizado no bairro da Luz Vermelha, em Amsterdã, na Holanda. A prefeitura da cidade holandesa decretou desde o dia 20 de março a suspensão das visitas guiadas à zona de prostituição. O local, que recebe anualmente 200 mil clientes e possui 228 vitrines, nas quais trabalham aproximadamente 400 mulheres, sendo que 15 % são transexuais, sofreu uma transformação radical em meio ao novo coronavírus. Para atender esse setor na Holanda, foi criada uma campanha através de crowdfunding, financiamento online coletivo, que procura arrecadar dinheiro para a compra de alimentos e medicamentos.

Já na China, as profissionais do sexo tiveram que reduzir para menos da metade do preço o cachê cobrado e, embora tenham baixado o valor, os clientes evitam a todo custo estas mulheres. Mesmo as chinesas que moram em outros países enfrentam dificuldades. Como é o caso da Nova Zelândia, onde um grupo delas, que apesar de serem cidadãs neozelandesas, declararam ser alvo de grande discriminação porque são chinesas de nascimento. Por isso optam em mudar de nacionalidade nas postagens de anúncios e buscam alterar o aspecto do rosto para poder conseguir trabalhar no campo virtual. "Não menciono mais que sou chinesa e ofereço um grande desconto, mas os clientes nos evitam como se fossemos o vírus", diz uma profissional do sexo, que não quis se identificar. Em relação às profissionais do sexo naturais da Nova Zelândia, boa parte segue a conduta de examinar clientes para detectar possíveis sintomas, usam desinfetante para as mãos e obriga os fregueses a tomar banho na sua frente. Outra regra para se proteger é não ter beijo. 

Na Alemanha, que tem entre 100 a 200 mil profissionais do sexo e possui uma das legislações sobre prostituição mais liberais do continente europeu, o novo coronavírus causa medo e bastante insegurança. De acordo com Susanne Bleier Wilp, da Associação de Prestadores de Serviços Eróticos e Sexuais, há quem pretenda deixar totalmente esse negócio por razões de segurança. Outros estão exigindo que os clientes se desinfetem. A maioria dos alemães segue as medidas restritivas do governo e há dias que não existe vida noturna em Berlim. Proprietário de uma casa de prostituição no país, Aurel Johannes Marx afirma que, desde há semana passada, "o negócio caiu 50%" e durante as horas noturnas cai para zero. Apesar de a prostituição ser legalizada na Alemanha há quase 20 anos, a maioria das pessoas não é registrada, logo não poderá se beneficiar dos empréstimos governamentais.

Na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, muitas das profissionais começaram a medir a temperatura corporal todas as manhãs e pedem aos clientes que façam o mesmo, tendo até política contra o beijo. Mas todas se encontram muito preocupadas com a situação e a total falta de demanda. A clientela das que atendem em estabelecimentos, como casas de striptease, clubes privês  ou nightclubs, assim como das ruas, desapareceu por completo. Segundo os Centros de Controle de Doenças de Seattle, o contato íntimo é uma das formas mais eficazes de contrair o vírus, além do mais as garotas de programa dependem de clientes dos grupos com maior risco do coronavírus, isto é, os mais idosos. Mas Alex Andrews, cofundador da Swop Behind Bars, ONG de apoio às profissionais do sexo, aposta que essa indústria é notavelmente resistente a eventos externos, como recessões, mudanças políticas e até surtos de doenças. 

Entretanto, a prostituição em Portugal indica que não para em tempos de Covid-19, que registra uma oferta significativa nos sites e classificados de jornais, repletos de publicidade deste teor. Ana Loureiro, dona de uma conhecida casa de acompanhantes de luxo em Lisboa e mentora de uma petição para legalizar a profissão no país, garante que recebe diariamente dezenas de telefonemas que solicitam os serviços.
 
Enquanto isso, algumas promessas eróticas agitam a web. A atriz pornô russa Lola Taylor assegurou que passará a noite com a pessoa que conseguir descobrir a vacina contra a Covid-19. A promessa do prêmio foi feita numa live do seu Instagram, no qual disse que as pessoas estão sofrendo, que tudo isso é difícil e não pode sair de casa porque senão será presa.

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