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Coronavírus

Enfermeiro convoca população a ficar em casa através de mensagem em muro de posto de saúde

Publicado em: 26/03/2020 11:40

 (Foto: Bruna Costa/DP)
Foto: Bruna Costa/DP
Há muros que separam. Outros aproximam. Em Peixinhos, bairro pobre de Olinda, o enfermeiro Vagner Belmonte, 53 anos, aprendeu a se comunicar com a comunidade do entorno através de mensagens pintadas no muro da Unidade de Saúde da Família Cohab Peixinhos 1, 2 e 3, na Avenida Nacional, sem número. A ideia surgiu desde 2018 e, desde então, ele usa o espaço como uma espécie de outdoor para avisar sobre campanhas de saúde ou outras mensagens importantes para a população. Em meio à pandemia da Covid-19, ele imaginou um coração de fundo para pedir aos moradores de Peixinhos para ficarem em casa. Tem funcionado. Porque tem algo de afetuoso nas mensagens.

“Há dez anos, quando cheguei aqui para trabalhar, tinha dificuldade para comunicar algo aos moradores. Mesmo que eu avisasse, eles esqueciam. Então, comecei a colocar as informações no muro. Chamo sempre um grafiteiro, dou a ideia e ele faz como eu peço”, conta Vagner. O grafiteiro se chama Cláudio Sidney, morador da comunidade Azeitona, em Peixinhos.

A primeira campanha aconteceu em agosto de 2018, com o anúncio do Agosto Dourado, referente à importância da amamentação. “Era muito difícil convencer a comunidade a participar do movimento. Mas, com esse aviso, vieram 35 gestantes e 21 mães puérperas”, lembra. As ideias pintadas no muro também são fotografadas e replicadas nas redes sociais e atingem ainda mais pessoas.

O posto atende cerca de 12 mil pessoas. Tem três equipes de plantão que, juntas são compostas por 24 agentes de saúde, três enfermeiros, um dentista, um auxiliar de saúde bucal, três médicos e dois técnicos de enfermagem. “Hoje em dia, o povo já passa cobrando sobre o que vai ter no mês”, diz Vagner.

Para pintar a campanha do fique em casa, Vagner pediu para Cláudio apagar uma mensagem do Dia da Mulher, no último dia 8 de março. Além de pintar o muro, o coordenador do posto de saúde tomou outras medidas. Contou o espaço da unidade para redistribuir as cadeiras, agora separadas por dois metros de distância. Também desligou o ar e abriu as portas. Até agora, diz ele, dois casos que poderiam ser classificados como suspeitos da Covid-19 foram ao posto e, em seguida, encaminhados para a casa para permanecerem em isolamento social. “É preciso ficar em casa. Temos que pensar nos outros. Não somente na gente. Não podemos ser vetores. Estou aqui por vocês. É preciso que o vírus pare de circular”, convoca.

Vagner ressalta que a frequência no posto diminuiu, mas as equipes continuam atendendo as urgências, como crianças com febre e idosos hipertensos ou com diabetes.

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