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Ao contrário de Bolsonaro, políticos defendem isolamento social

Publicado em: 30/03/2020 21:07 | Atualizado em: 30/03/2020 21:43

 (João Campos se posicionou em suas redes sociais. Foto: Agência Câmara.)
João Campos se posicionou em suas redes sociais. Foto: Agência Câmara.

No Recife, a carreata programada para acontecer, nesta segunda-feira (30), em apoio ao presidente Jair Bolsonaro que defende o fim do isolamento social e o retorno ao trabalho para retomar a economia, não prosperou. O Marco Zero, onde seria a concentração dos bolsonaristas, ficou vazio. A reação contrária ao movimento pró-Bolsonaro repercutiu na classe política local. Alguns destacaram a necessidade do confinamento ser mantido, de acordo com as orientações das autoridades de saúde. Outros criticaram o presidente por incentivar o retorno das pessoas às ruas.

 

“Compreendo a apreensão da população em relação a um possível colapso na economia, mas muito mais grave será o colapso na saúde, pois o coronavírus, ao superlotar o sistema de saúde, vai provocar mortes de outras pessoas que precisarem de assistência médica urgente, além das mortes causadas pelo próprio vírus”, observou a delegada Patrícia Domingos (Podemos), que é pré-candidata a Prefeitura do Recife.

 

Ela lembrou, ainda, que a medida de isolamento domiciliar é uma das mais eficazes, até o momento, para conter a disseminação do coronavírus. “A Organização Mundial da Saúde tem orientado os países a agirem dessa forma. Na China, a rapidez para decretar a quarentena impediu que o vírus se espalhasse por todo o país. Já na Itália, a demora de quase 15 dias para adotar a quarentena nas regiões onde foram confirmados os primeiros casos, fez com o que país inteiro precisasse ser fechado”, disse a delegada.

 

Na avaliação do deputado federal Danilo Cabral (PSB), o fracasso da mobilização no Recife é mais uma demonstração do distanciamento da base bolsonarista do sentimento da sociedade. “O povo cansou das atitudes inconsequentes do presidente, que só tentam dividir o Brasil. Momento exige união e responsabilidade. Agora mais que nunca, é hora de ficar em casa e ajudar o Brasil a atravessar esse crise”, ressaltou o parlamentar.

 

Questionado sobre o assunto, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Eriberto Medeiros (PP), também se posicionou a favor das orientações das autoridades de saúde e sanitárias. “Estamos em sintonia com o que está sendo feito pelo Governo do Estado. É preciso ter muita responsabilidade diante dessa crise sanitária. Casos como o da cidade de Milão, na Itália, foram na contramão das orientações dadas pela Organização Mundial de Saúde e a população pagou com a vida. Temos imensa preocupação com a questão da economia, mas a solução, qualquer que seja, tem que ter a vida como prioridade”, observou.

 

Em postagem em seu perfil no Instagram, o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Recife, João Campos (PSB),lamentou a iniciativa da carreata, que foi convocada pela internet por meio de panfleto sem assinatura de nenhum movimento. “Era uma ação extremamente irresponsável a campanha o Brasil Não Pode Parar, do Governo Bolsonaro. Em sintonia com essa campanha, a carreata que tinha o objetivo de estimular as pessoas irem às ruas era outra iniciativa lamentável”, definiu o parlamentar.

 

Mesmo os políticos mais próximos a Bolsonaro, a exemplo do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que é líder do governo no Senado, assinou, nesta segunda-feira (30), um manifesto em defesa do isolamento social “como medida mais eficaz de para minimizar os efeitos da pandemia do coronavírus”.

 

 

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