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Tradição

Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda realiza 19ª edição

Publicado em: 17/02/2020 20:37 | Atualizado em: 17/02/2020 20:59

 (Foto:  Bruna Costa / Esp. DP FOTO)
Foto: Bruna Costa / Esp. DP FOTO

Dez nações de Maracatus de Baque Virado reverenciaram seus ancestrais, na 19ª Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda, que aconteceu nessa segunda-feira (17). A concentração que seria realizada na Praça de São Pedro, no Carmo, foi transferida de última hora para para os Quatro Cantos. Quem abriu o desfile, por volta das 20h, foi o Maracatu Leão Coroado. 

A concentração mudou de local em função do aniversário da Pitombeira, cuja sede fica nas proximidades da Praça de São Pedro. O Maracatu Leão Coroado, fundado em 1863, é um dos mais antigos maracatus em atividade no Brasil. É considerado Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura e Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2005.

"Na noite dos tambores abrimos o carnaval com os nossos ancestrais. Hoje se comemora os eguns, pessoas que já se foram, nossos ancestrais. É uma forma de pedir paz e nos proteger", diz Janete Aguiar, 70 anos, que participa do Leão Coroado desde 2000. Janete é a Dama do passo do Leão Coroado, que carrega a boneca da dona Isabel (princesa que libertou os escravos).

Os grupos saíram em cortejos, passando pelos Quatro Cantos, Amparo até a Igreja de Nossa Senhora do Rosários dos Homens Pretos, local da celebração. Desfilaram pelas ladeiras os maracatus: Leão Coroado; Nação Camaleão; Nação Badia; Nação Pernambuco; Nação de Luanda; Nação Maracambuco; Nação Estrela de Olinda, Nação Tigre; Nação do Reis Malunguinho e Sol Brilhante.

A comunidade da Xambá completa 90 anos e foi a homenageada da celebração. Pela primeira vez, por decisão da AMO, o babalorixá Ivanildo de Oxóssi, que também é o Mestre do Maracatu Estrela de Olinda, é o responsável por conduzir a louvação aos antepassados (eguns). A cerimônia, ápice do encontro,ocorre à meia-noite. Momento em que todos os maracatus rufam suas alfaias em homenagem aos que ajudaram a carregar essa tradição. 

A cerimônia nasceu a partir das obrigações religiosas dos maracatus de Olinda com o objetivo de saudar e pedir proteção aos orixás antes da folia de Momo. A realização é da Associação de Maracatus de Olinda (AMO), com apoio da Prefeitura de Olinda e Governo de Pernambuco. 
 
Um pouco de história

A presença das populações remanescentes do continente africano ocorreu ainda no século XVI, quando foram trazidos escravos da Guiné, por pedido de Duarte Coelho, para o trabalho nos engenhos. Esse contingente só cresceu com o passar dos anos e no início do século XVII construiu para seu uso a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.  
 
Este local se estabeleceu como ponto de reunião para efeito dos cultos da igreja católica, convívio da comunidade negra, troca de saberes e para a realização de suas festas profanas. 
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