POLÊMICA
Termelétrica gera apreensão em Aldeia
Por: Mariana Fabrício
Publicado em: 22/01/2020 07:01 | Atualizado em: 22/01/2020 08:34
Foto: Paulo Paiva/DP Foto |
Ambientalistas e moradores de Aldeia, em Camaragibe, estão apreensivos com a possível construção de mais uma usina termelétrica na região. Uma audiência debateu o tema ontem, no Parque de Dois Irmãos. O projeto apresentado pela Epesa prevê o início das obras da UTE Pau Ferro II neste ano e a conclusão em 2023. A usina a gás natural substituirá duas de biodiesel que já estão em funcionamento em Aldeia.
A empresa argumenta que a mudança tornaria a produção mais eficiente e limpa. Entidades da sociedade civil questionam a escolha do local, na Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, e temem impactos à Mata Atlântica.
A Epesa venceu um leilão da Aneel em 2006, mas o projeto inicial apresentava duas UTEs de biodiesel, implantadas em 2008. Com a criação de mais uma usina, a área de preservação se transformaria em um complexo gerador de energia, contrariando o plano de manejo da APA, previsto pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). A Pau Ferro II ficará há 800 m de uma área de proteção integral.
"A substituição do diesel por gás é um avanço, mas sugerimos que seja dada uma alternativa de local. Além disso, o processo de licitação não tem sido transparente. O Relatório Ambiental Simplificado que a Epesa entregou à CPRH tem contradições. Eles levaram em conta o impacto da Pau Ferro II, mas não esclarecem quando as outras duas usinas deixariam de funcionar", critica o presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, Herbert Tejo.
Desde 2015 as UTEs Termomanaus e Pau Ferro I diminuíram a produção, funcionando só sob demanda. Diante do projeto da nova usina, os moradores temem que o ruído e o fluxo de cargas volte a provocar transtornos. "Eu moro a 6 km da Epesa. Quando a usina estava funcionando com maior demanda, ninguém dormia", conta o comerciante Sebastião Faustino, 48.
De acordo com a CPRH, o processo está em fase de licitação e, caso a Epesa ganhe, pode aplicar uma compensação ambiental na área. "Tudo o que foi apontado (pela sociedade) servirá de parâmetro de análise", afirmou o presidente do órgão, Djalma Paes.
O gerente de usina, Jordan Lopes, disse que as outras duas unidades serão desativadas, reduzindo o impacto ambiental. "O projeto é construir uma termelétrica a gás natural de ciclo combinado, modelo adotado em vários lugares do mundo. Reduziremos em 50% as emissões de CO2", comentou.
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