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Taxistas se reinventam na era do app

Publicado em: 13/12/2019 07:53

 (Foto: Nando Chiappetta/arquivo DP)
Foto: Nando Chiappetta/arquivo DP
A vida dos taxistas do Recife nunca mais foi a mesma desde a chegada dos aplicativos de transporte privado. A primeira empresa na cidade foi a Uber, que chegou em 2016. A regulamentação ocorreu em novembro de 2018. Um ano depois, os motoristas de táxi reclamam de suposta falta de fiscalização aos aplicativos e queda no rendimento, mas tentam se adaptar com promoções e uso de seus próprios apps. Se antes um taxista chegava a apurar até R$ 300 por dia, hoje é improvável chegar a R$ 100, garantem motoristas ouvidos pelo Diario.

Os aplicativos também trouxeram impacto no valor das praças. Mesmo sendo concessão pública, há possibilidade de transferência para outras pessoas - legalmente, no caso das licenças emitidas até 1989, e no mercado paralelo, no caso das mais recentes. Uma praça antes “vendida” por R$ 130 mil hoje vale R$ 15 mil.

Uma das saídas que os taxistas estão encontrando é oferecer descontos nas viagens com pagamento à vista. A categoria também votou, após consulta do Sindicato dos Taxistas de Pernambuco, contra o aumento da tarifa. Alguns motoristas também aderiram às plataformas digitais. Além dos aplicativos já existentes no mercado, como o Caby (antigo Easy) e o 99 Táxi, foi lançado em novembro o Taxipe, que oferece desconto de até 40% em relação à tabela.

“O povo escolhe o que é mais barato. Só nos procuram quando a tarifa dinâmica está muito alta. A gente tem que procurar alternativas, mas não tem como competir com um preço muito baixo porque temos muitos custos”, relatou Luciano Batista, 58 anos, taxista há 10 anos, que usa app. “O aplicativo é importante porque a pessoa pode pedir o táxi pelo celular, pagar pelo cartão de crédito e já saber as opções de desconto. E há muita gente, principalmente mulheres, que acham o táxi mais seguro”. Ao contrário da Uber, que desconta 25% do parceiro, o Taxipe desconta 5% do valor da corrida.“Minha renda caiu drasticamente. Já teve sexta-feira de eu trabalhar de 5h até 19h e chegar em casa com R. Meu principal sustento é a aposentadoria”, disse o taxista João da Silva Batista, 78.

O Recife tem 6.126 taxistas. A Uber tem mais de 25 mil motoristas no Recife e Região Metropolitana. A chegada dos aplicativos ofereceu mais opção ao usuário. Nos grandes eventos, a disputa por táxi, que sempre foi acirrada, agora é dividida. “O táxi ainda é vantagem porque pode usar a faixa exclusiva do ônibus”, ressaltou o presidente do sindicato, Flávio Fortunato, referindo-se às Faixas Azuis criadas em 2014 e hoje presentes em 15 vias do Recife. “O táxi nunca vai acabar. A gente só quer que exista uma fiscalização da nossa concorrência pelo órgão gestor”, diz Flávio.

De acordo com a presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira, o órgão passou o ano de 2019 se estruturando para se adaptar à legislação. “Nós credenciamos 16 empresas para fazer a vistoria dos veículos e também uma empresa para o curso de capacitação dos motoristas dos aplicativos sobre a legislação de trânsito, atendimento e acessibilidade”, destacou. Segundo ela, a partir de 2020 terá início a fiscalização desse tipo de serviço. As empresas detentoras das plataformas também precisam se cadastrar. Até agora só três empresas se cadastraram.Luciano Batista utiliza plataformas eletrônicas para oferecer desconto e pagamento com cartão de crédito.
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